AIDS & Circuncisão

 



HIV e AIDS tem desafiado os estilos de vida modernos, práticas fundamentais de higiene e as relações entre os sexos. Como resultado do quadro pandêmico, o cirurgião americano general David Satcher, desejando romper a  ‘conspiração de silêncio’ ao redor da sexualidade humana, conclamou para um debate nacional. Tendo uma história de antigos generais cirurgiões demitindo-se ou sendo dispensados após tentarem lidar com o HIV e a AIDS, Satcher produziu um relatório cuidadoso que refletiu as amplas e variadas opiniões dos Estados Unidos sobre o assunto.

O relatório pede uma discussão aberta sobre abstinência, práticas sexuais seguras e contraceptivos em escolas (Heuthers Health, p. 1, 2).  Em todo lugar, a declaração foi feita desafiando inclusive a idéia dos contraceptivos, um tópico que surgiu no fim da Conferência de Bispos Católicos do Sudeste da África em Pretória, que durou 6 dias. Os bispos sentiram que, ‘os condons podem até ser uma das razões principais para a propagação do HIV/AIDS. Além da possibilidade dos condons serem defeituosos ou mal-usados, eles contribuem para quebrar o auto-controle e a confiança mútua’ (RNS, p.1). Eles citaram uma razão diferente para a propagação do HIV e AIDS – o declínio de homens circuncisados.

 

Allah (swt) nos deu orientações no Qur’an, que desempenham papéis importantes em todos os aspectos de nossas vidas e práticas de saúde. O Qur’an trata inclusive da propagação de vírus. Enquanto o HIV e a AIDS se tornaram a causa principal de morte entre mulheres na faixa dos 20 – 40 na Europa, África subsaariana e América do Norte (About, p.1), a indústria mundial de drogas contra HIV e AIDS continua a falhar em encontrar uma cura. Enquanto isto, vírus resistentes às drogas tem aumentado, e debates continuam sobre os benefícios da circuncisão masculina para a saúde. 

 

Isto, entretanto, não altera as descobertas de John e Pat Caldwell, que contam uma estória assustadora. Com mais de 30 anos de experiência em dinâmicas familiares e controle de fertilidade na África subsaariana, os Caldwells começaram a trabalhar com as doenças sexualmente transmissíveis na região nos anos 70, tomando todas as teorias existentes em consideração. A teoria mais popular é de que doença se originou lá, entretanto, esta teoria é enfraquecida pelo fato de que os casos de AIDS ocorreram em hospitais em Uganda e Ruanda ao mesmo tempo que ocorreram no Ocidente. O único fator comum na propagação da AIDS na África que os Caldwells encontraram foi a questão da circuncisão masculina, que geralmente não era praticada no coração do Cinturão da AIDS – República Central Africana, Sudeste do Sudão, Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, Malaui, Zimbábue e Botsuana (Caldwell, p. 40).

Em 1989, uma equipe de pesquisa médica conjunta canadense-queniana na Escola Médica de Kenyatta em Nairóbi, relatou que durante os anos anteriores a incidência da AIDS era mais alta entre os migrantes Luo da Quênia ocidental do que entre os Kikuyu da Quênia Central. Os homens não-circuncisados de Luo eram mais predispostos a ter sífilis ou cancróides – doenças sexualmente transmissíveis caracterizadas por inchaços nas partes íntimas. Eles também possuíam um inesperado risco elevado de contrair HIV (Caldwell, p. 41).

Uma equipe americana, liderada por John Bongaarts do Conselho da População, também descobriu que as regiões ao longo da África subsaariana com altos níveis de infecção de HIV entre a população local correspondia notavelmente às áreas onde homens não eram circuncisados. A pesquisa utilizou estatísticas da Organização Mundial de Saúde (Caldwell, p. 44).


Entretanto, homens não circuncisados da Tanzânia não precisaram esperar por um acordo entre os pesquisadores para chegar às suas próprias conclusões. Baseados em observações próprias de sua comunidade e das comunidades vizinhas, eles requisitaram a circuncisão para si próprios (Caldwell, p. 46).

Evidência epidemiológica indica a superfície interna do prepúcio, que contém células de Langerhans que atuam como receptores de HIV – um ponto provável de entrada dos homens não-circuncisados. Um epitélio (tecido membranoso) escamoso estratificado queratinizado cobre a abertura peniana e a superfície externa do prepúcio. Isto fornece uma barreira protetora contra a infecção HIV. A mucosa interior da superfície do prepúcio não é queratinizada e é rica em células de Langerhans. Durante relações íntimas, a totalidade da superfície interna do prepúcio é exposta às secreções vaginais, provendo uma área aumentada para a transmissão do HIV.

Quarenta estudos fornecem evidência de que a circuncisão masculina protege contra todas as doenças sexualmente transmissíveis, e que homens circuncisados são 2 a 8 vezes menos propensos a serem infectados. Robert Szabo conclui que a circuncisão, como praticada pelos muçulmanos, seria a intervenção mais efetiva a nível imediato para reduzir a transmissão de HIV, uma vez que é feita antes que os homens sejam ativos sexualmente (Szabo, p. 1-3). O epidemiologista Robert Baily da Universidade de Illinois, em Chicago, disse, ‘Ninguém quer ser o primeiro a fazer uma declaração de suporte à circuncisão masculina’.  Nos Estados Unidos e Europa existem grandes movimentos anti-circuncisão, portanto pessoas não querem promover algo na África que é desencorajado aqui…’  (Shillinger, p. 2).

Homens circuncisados vem de comunidades que colocam uma profunda significância religiosa-cultural nesta prática particular de higiene; o que não necessariamente se aplica a todos que não o fazem (Shillinger, p.1). A maioria dos muçulmanos acredita que a circuncisão masculina é obrigatória, e que é um dos cinco atos de higiene registrados no Sahih Muslim, Sahih Bukhari, Musnad Ahmed e Sunnah at-Tirmidhi (Persaud, p. 1).

 

Também existem obrigações adicionais de higiene e conduta social dentro do casamento. Entretanto, isto não significa que os muçulmanos são imunes ao HIV e à AIDS, uma vez que as práticas islâmicas se tornaram comprometidas por outros fatores. Atualmente, 50 por cento das mulheres marroquinas estão infectadas com HIV por seus maridos (Clinton, p. 3).

Por agora, pelo menos, o caminho mais seguro a seguir é o de limpeza e pureza, o que a ciência moderna confirmou.
 

 


Fontes:

About.com. "Women & the HIV/AIDS Epidemic." Womens'Issues-3rd World. 07/10/01. 

Caldwell, John & Pat. "The African AIDS Epidemic." Scientific America 274: 3 (1996) 40-46.

Clinton, Hilary, R. "Moroccan Women's' Roundtable Discussion." U.S. Department of State Information. March 1999.

Naqvi, Siki. 'Ali, M. "A Manual of Islamic Beliefs and Practice." The Muhammadi Trust of Great Britain & N. Ireland. 1991.

Persaud, T. e Ahmed Mustafa, A. "Islamic Rules for Male Circumcision." The First International Conference for the Scientific Aspects of the Qur'an and Sunnah in Islamabad, Pakistan. Islamzine.com. 08/14/01. 

Reuters Health. "Surgeon General Calls for Open National Dialog on Sexuality." Reuters Medical News. 06/28/01. 

Reuters Health. "Drug Resistant HIV Spreading in UK." Reuters Medical 
News. 04/12/01. 

RNS. "South African Bishops Condemn Condoms as 'Immoral and Misguided." Religious News Service. 07/30/01. Beliefnet.com 08/06/01.

Shillinger, Kurt. "Male Circumcision Cited for Differing HIV Rates Among Africans." Antipas.org 05/11/99. 1-3. 

Szabo, Robert. "How Does Male Circumcision Protect Against HIV Infection." British Medical Journal. 06/10/00. 

Texto: 'AIDS & Circumcision' de Hwaa Irfan veiculado inicialmente no site islâmico Islam Online (http://www.islamonline.net.English/)

 

 

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