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A Condição Reservada às Mulheres Muçulmanas: Um Barômetro do Progresso no Movimento Islâmico |
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Ao
longo da história do Islã parece que a questão da posição das
mulheres e do relacionamento social adequado entre homens e mulheres tem
sido uma disputa, ao lado dos direitos das mulheres e seus papéis na
sociedade islâmica. Existem numerosos versículos do Alcorão que lidam
com este assunto e também vários hadiths, indicando que antes do
Islã, a cultura árabe era insuficiente em sua perspectiva sobre estes
assuntos. Não é necessário dedicar muito tempo para provar isto, uma
vez que todos nós sabemos que antes do Islã, as meninas dos árabes
eram às vezes enterradas vivas simplesmente por serem mulheres. Existem,
claro, muitos outros exemplos, por exemplo as muitas formas de casamento
que existiam na Arábia pré-islâmica, todas servindo para reduzir as
mulheres a meras portadoras da descendência, não tendo direitos, nem
mesmo ao amor exclusivo e devoção, em alguns casos, de um único
marido, tendo ao contrário que acomodar vários homens se ela esperasse
satisfazer suas necessidades de manutenção. Quando o Islã veio,
civilizou as tribos árabes, e como se espalhou, suas qualidades
civilizadoras se espalharam com ele; e quando o Islã declinou, o mesmo
ocorreu com a condição das mulheres nas sociedades islâmicas. Embora
não-muçulmanos no Ocidente tenham se apegado ao pretexto retórico,
acusando o Islã de manter idéias degradantes sobre as mulheres e de
favorecer o seu mau-trato, é um fato que o Islã é a única doutrina
religiosa que nega o conceito da mulher como uma sedutora maligna,
responsável pelo pecado original e pela queda da humanidade. Foi o
Islã que garantiu às mulheres o direito de herança, o direito de
escolha no casamento, e o direito de total discrição na disposição
de seus bens pessoais. Foi o Islã que primeiro tratou a sexualidade do
ser humano quando conduzida dentro dos limites purificadores da lei
divina, e proibiu o celibato e o distanciamento das mulheres como um ato
de adoração fora dos preceitos divinos que orientam o ritual de adoração.
Estes princípios se aplicam tanto aos homens quanto às mulheres. Foi
o Islã que negou a idéia de que as mulheres durante a menstruação são
‘impuras’ e sujas, ou trazem má sorte, deixando claro que embora o
resultado da menstruação seja impuro, a mulher em si não é poluída.
De fato foi o Islã, antes de todas as iniciativas do mundo em nome das
mulheres, mais notavelmente o programa das feministas radicais das Nações
Unidas (que estão liderando a exortação da superioridade feminina, em
revanche pelas muitas injustiças contra as mulheres resultantes dos
ensinamentos das crenças ortodoxas cristã e judaica e do paganismo que
tem coexistido com elas), que elevou a condição das mulheres na
sociedade. Allah disse que o melhor dos seres humanos é o mais
virtuoso, seja homem ou mulher. As
razões para a decadência da condição das mulheres ao longo de vários
séculos não é clara. Muitas teorias tem sido formuladas para explicar
este fenômeno, mas nenhuma aborda o renascimento da ignorância pré-islâmica
que veio a prevalecer sobre os ensinamentos puros do Alcorão e da
Sunnah, e que fez com que as mulheres muçulmanas fossem excluídas dos
segmentos da sociedade, suas vozes silenciadas e seus direitos inalienáveis
ignorados. Os resultados manifestam uma pobreza entre as mulheres,
seu abuso através de leis e costumes injustos e não-islâmicos;
negligência emocional, espiritual e material das crianças, associada
com a recusa de educar mulheres, e a imposição de códigos de conduta
estritos sobre as mulheres, que não são também associados aos homens.
Tudo isto cria interpretações desequilibradas, injustas e extremas de
honra e castidade, que são às vezes impostas brutalmente sobre as
mulheres, mas completamente ignoradas quando se refere aos homens, dando
a impressão errônea de que apenas as mulheres são sujeitas pela lei
à castidade e moralidade, enquanto os homens podem se entregar à
imoralidade ao ponto de normas terem sido estabelecidas em sociedades
islâmicas que sugerem que tal imoralidade é de alguma forma ‘masculina’,
ou uma parte da natureza masculina. Embora saibamos, em teoria, que a
natureza do ser humano, nossa ‘fitra’, é pura, seja homem ou mulher,
nós temos de alguma forma aceitado que os homens são inclinados à
imoralidade, assim devemos ser tolerantes com seus pecados, apesar de
sabermos a partir dos ensinamentos do Islã que a imoralidade pode e tem
colocado civilizações inteiras de joelhos. As
corrupções que temos abraçado são da ignorância pré-islâmica da
Arábia, associada com a ignorância que prevaleceu previamente em países
que subsequentemente aceitaram o Islã, mas caíram novamente na ignorância
e no paganismo, e com a decadente imoralidade e desconsideração por
Allah que veio da influência liberal e secular do Ocidente. Estes
conceitos e tradições são passados adiante e herdados por gerações
como ‘cultura’ derivada da religião. Hoje
a Nação Islâmica (Ummah) é confrontada com o desafio de restaurar o
Islã puro e justo e restabelecer suas leis e preceitos nas terras muçulmanas,
e eliminar as influências que causaram o declínio de nossas sociedades
e da condição das mulheres muçulmanas. Por anos o Islã tem sido
acusado pelas injustiças que tem sido sofridas pelas mulheres muçulmanas,
mas a verdade está se tornando visivelmente aparente: estas injustiças
resultaram da imposição de leis colonialistas, e da inadequação e
deficiências de outras crenças e culturas. Com
algum esforço somos capazes de traçar o declínio da condição das
mulheres muçulmanas a partir da época do Profeta (saws) até os dias
atuais. Em tempos modernos, a queda do Império Otomano talvez tenha
iniciado o mais óbvio declínio nesta condição. A obliteração final
do último remanescente da autoridade islâmica deixou cada nova nação-estado
‘islâmico’ desenvolver seu próprio corpo de leis, destituído da
Charia e imitando os sistemas sociais e legais dos poderes colonialistas.
Na maior parte estas leis foram seculares, e os governantes
estabelecidos sobre as novas nações-estados islâmicos eram também
essencialmente seculares e sem crença em Deus, dando aliança aos
poderes coloniais em troca de posição e poder. Se nós atribuirmos a
baixa condição das mulheres nas sociedades muçulmanas modernas a este
desenvolvimento óbvio e significativo, podemos estar no caminho de uma
cura, pelo menos em princípio. Reverter
o declínio histórico da autoridade islâmica no mundo muçulmano é um
desafio para cada muçulmano, mas antes que possamos concluir este feito
devemos desenvolver ideais islâmicos sociais e políticos, que tratem a
miríade de desafios contemporâneos sociais, políticos e econômicos
que se apresentam não somente aos muçulmanos, mas ao mundo. Devemos
incluir nestes programas e ideais, papéis significativos para as
mulheres na sociedade, permitindo novamente que as mulheres muçulmanas
tomem seu lugar como parceiras e companheiras naturais dos homens no
estabelecimento do Islã e na perpetuação da ordem islâmica de vida. A
qualidade comum destas mulheres que foram declaradas as ‘melhores
mulheres’ por Allah é seu extremo empenho e sacrifício pelo
estabelecimento da verdade sobre a falsidade, e pela liberação de toda
a humanidade das correntes da ignorância e do pecado. As portas devem
ser reabertas para permitir às mulheres a oportunidade de cumprir estes
papéis, e a qualidade purificadora do empenho deve novamente se tornar
o tema central de nossos esforços. Devemos abandonar o apelo do
materialismo e do poder, trocando estas tentações pelo ativismo
motivado pelo temor a Allah e pelo amor de Sua criação que nos guia,
homens e mulheres, a grande sacrifícios. Enquanto o secularismo chega
ao auge de seu poder, buscando empregar as mulheres do mundo como seus
agentes nos esquemas designados para eliminar a moralidade como uma
barreira a seu domínio, deve ser dado às mulheres muçulmanas a
oportunidade e a liberdade de se unir no esforço e trabalho ao lado dos
homens, para restaurar a primazia do Islã no mundo.
Texto: 'The Status Accorded to Muslim Women: A Barometer of Progress in the Islamic Movement' de Anisa Abd el Fattah. Retirado do site Muslimedia International, que permitiu a utilização de seus artigos.
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