Genebra
(ENI) -- Um líder da igreja palestina acusou Israel de
praticar ‘limpeza étnica’ contra os palestinos e tem pedido a
solidariedade dos cristãos e das igrejas em todo o mundo.
O
arcebispo Theodosios Hanna, do Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém,
disse em um discurso em 19 de outubro no centro administrativo do
Conselho Mundial das Igrejas em Genebra, que os cristãos palestinos
"estão sofrendo, porque são palestinos e querem permanecer em sua
terra...”
Theodosios
estava representando o patriarca Diodoros, o patriarca ortodoxo grego de
Jerusalém, como parte de uma delegação ecumênica palestina,
convidada pelo Conselho Mundial de Igrejas à Genebra, onde a Comissão
dos Direitos Humanos das Nações Unidas estava se reunindo para
analisar a crise no Oriente Médio.
A delegação incluiu também o bispo Riah Abu EL-Assal, da Igreja
Episcopal em Jerusalém e Oriente Médio, e o Dr. Marwan Bishara, um
jornalista de Nazareth que é pesquisador na Ecole des Hautes Etudes en
Sciences Sociales em Paris.
(A delegação foi acompanhada por Georges Tsetsis, um membro dos comitês
central e executivo do Conselho Mundial de Igrejas e antigo
representante do Patriarcado Ecumênico no centro administrativo do
Conselho.) Outros três cristãos palestinos que foram convidados foram
incapazes de ir a Genebra, por causa do fechamento pelas forças armadas
israelenses dos territórios palestinos.
Falando através de um intérprete, o arcebispo Theodosios disse:
" Israel está praticando limpeza étnica contra os árabes -- muçulmanos
e cristãos. Todos pensam que há um conflito entre árabes e
israelenses. Não é um conflito entre árabes e israelenses, mas uma
ocupação por Israel."
Convidando
as igrejas de todo o mundo para realizar orações especiais pelo povo
palestino, ele continuou:
" Nós estamos pedindo a todas as igrejas no Conselho Mundial das
Igrejas para tornar visível a dor e o sofrimento do povo palestino e
para apoiar o povo palestino no esforço por uma paz justa que garanta
todos os seus direitos... O povo palestino deve ter... independência em
seu próprio estado, cuja capital é Jerusalém."
Em uma declaração escrita à comissão de direitos humanos, a Comissão
das Igrejas sobre Relações Internacionais do Conselho Mundial de
Igrejas disse que os eventos que se seguiram à "visita provocativa
[do líder israelense da oposição, Ariel Sharon] ao Al-Haram Al-Sharif
mostraram outra vez que a conseqüência deste desrespeito repetido [por
parte de Israel] à lei internacional, de contínuas violações sistemáticas
dos direitos humanos... tenciona incitar à violência e negar a paz e a
segurança a ambos os povos."
Entrevistado ontem por ENI, Dr. Bishara advertiu que o processo de paz
iniciado pelos acordos de Oslo em 1993 entre Israel e a Organização
para Liberação da Palestina tinham terminado seu curso. "Esqueça
Oslo. Oslo está morto, " ele disse a ENI. "O processo de paz
nos últimos sete anos não trouxe benefícios para os palestinos... um
padrão de vida melhor, acesso à instrução, acesso à saúde, acesso
ao mercado de trabalho. Nada disto melhorou nos últimos sete anos. De
fato, de acordo com estatísticas e dados do Banco Mundial, o desemprego
aumentou e o GDP [ produto doméstico bruto ] caiu."
O recente ‘uso excessivo de força letal’ - resposta de Israel aos
levantes - transformou a frustração palestina "em um confronto
muito mais amplo, engolfando não somente palestinos nos territórios
ocupados, mas também palestinos dentro de Israel."
A idéia de um processo de paz lento, cumulativo, "não funciona mais, " disse Dr. Bishara . "É
agora essencial para as partes moverem-se em direção a uma separação
física, geográfica, mas, mais importante, para uma separação legal
entre dois estados independentes e soberanos.
Esta é a única maneira com a qual nós podemos parar a violência."
A declaração do estado palestino,disse ele, seria " uma primeira
etapa para fortalecer a sociedade palestina e permitiria que a Palestina
negociasse com Israel uma lista de assuntos, sem estar do outro lado de
um barril de pólvoras israelense."
O Dr. Bishara, ele mesmo um católico romano, destacou que não é um
conflito religioso entre judeus e muçulmanos, " mas um conflito
racista e colonial afetando as comunidades cristãs assim como as
comunidades muçulmanas."
Descrevendo comentários dos membros da delegação ecumênica, ele
disse: "Eles deixaram
claro que as balas israelenses não fizeram, não fazem e não farão
distinção entre palestinos cristãos e muçulmanos... Os crimes contra
os palestinos são também crimes contra os cristãos."
Texto: 'PALESTINIAN
CHURCH LEADER ACCUSES ISRAEL OF 'ETHNIC CLEANSING' de Stephen Brown para
o Ecumenical News International. Publicado em 20 de outubro de
2000. Distribuído pela mala direta do Canadian Islamic Congress, que
permite a utilização de seu material.
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