A Imagem Distorcida da Mulher Muçulmana


 

A partir do apogeu do movimento feminista em fins dos anos 70, tem–se colocado “uma lente de aumento” sobre o status da mulher muçulmana. Infelizmente, esta “lente” tem sido utilizada de modo inadequado, já que a perspectiva oferecida por esta mostra-se muito seletiva, exagerando uma realidade desconhecida, por conveniência própria. Desta forma, o universo feminino muçulmano é focalizado de maneira tão distorcida, que nada parece familiar àqueles que verdadeiramente o conhecem.

 

Eu me lembro de ter lido uma vez um artigo sobre a vida das mulheres muçulmanas, no qual havia a seguinte explicação: A qualquer hora o marido poderia pedir o divórcio a sua mulher.Bastava dizer simplesmente: “Eu quero divórcio, eu quero divórcio, eu quero divórcio”. Este artigo pode induzir qualquer leigo, nas leis islâmicas referentes ao divórcio, em acreditar que em menos de cinco segundos a mulher é abandonada pelo marido e a partir daí, responsabilizada unicamente pelo sustento próprio e dos filhos. A questão que imediatamente surgiu na minha mente foi esta: O autor escreveu o artigo inocentemente, ou teve o claro objetivo de degradar o Islã e seus seguidores (muçulmanos)? Pode ser uma paranóia minha, mas estou inclinada em acreditar que a finalidade deste autor pode ser expressa pela segunda possibilidade.

 

A verdade da questão é que o Islã tem o mais humano e justo sistema de divórcio que existe. Primeiramente, muitas opções e tentativas são consideradas, antes que se decida pelo divórcio por definitivo. Se o homem e a mulher decidirem que não têm condições de viverem juntos de maneira bem sucedida, tal qual marido e esposa, (na maior parte dos casos, nem sempre), o marido pronuncia seu desejo de divórcio dizendo: “Eu quero o divórcio”. A partir deste ponto, tem início o período de espera. Este tem a duração três ciclos menstruais, para assegurar que a mulher não está grávida. O tempo de espera permite que o casal reflita sobre o processo de divórcio; se realmente querem dar este passo e de que maneira isto será feito.

 

Não existem advogados envolvidos no processo, para criarem um clima de antagonismo, em uma situação tão delicada, quanto esta. Caso seja constatada gravidez, o tempo de espera estende-se por toda a gestação até que entre em vigor o divórcio. Durante este prazo (estando a mulher grávida ou não), o homem é obrigado a prover alimentação, vestuário e abrigo para sua esposa, tal qual ele fazia antes do pronunciamento do divórcio. Se o casal der andamento ao processo de separação durante o período de nascimento da criança, o marido é obrigado a prover alimentação, vestuário e abrigo a sua ex-esposa pelo tempo que ela estiver amamentando o bebê (este prazo pode se alongar por 2 anos). Após o desmame, o filho/filha será sustentado (a) pelo pai, até que não necessite (comprovadamente) de auxílio.

 

Penso que seja um tanto irônico, em uma “sociedade avançada”, como a americana, que existam casos de divórcio, nos quais a mulheres são forçadas a pagarem pensão aos ex-maridos. Tendo como base o que foi descrito, como podemos comparar o sistema de divórcio americano ao sistema de divórcio islâmico?

 

Eu também tenho lido casos em que, segundo o Islã, a mulher é forçada a se casar com um homem, sem o consentimento dela. Nestes casos, não existe nenhuma semelhança com o sistema de matrimônio no Islã. Segundo os preceitos islâmicos, a mulher tem o direito de se casar com quem ela escolher, podendo até mesmo se casar com alguém que seus pais não aprovem. Uma vez que o homem e a mulher estejam interessados em matrimônio, decide-se sobre a questão do dote. Vale a pena ressaltar que este não é o preço estabelecido pela noiva, e sim um presente do noivo para sua futura esposa, oferecido de acordo com as suas possibilidades. No tempo do Profeta Mohammad (Que a paz esteja com ele), freqüentemente eram oferecidos como dote animais ou dinheiro.Esta é uma decisão sábia, já que eventualmente a mulher poderia se divorciar ou ficar viúva e em ambos os casos, ela contaria com uma segurança financeira. Uma vez que uma mulher e um homem se casam, cabe a este ser o provedor da família, no que se refere ao vestuário, à alimentação, ao abrigo e à educação (assim como, permitir que a mulher tenha acesso à educação), da mesma forma que ele o tem.

 

A última imagem distorcida que irei mencionar refere-se às vestimentas utilizadas pelas mulheres muçulmanas. O ocidente influenciou a mídia a retratar o modo feminino muçulmano de se vestir como ultrapassado e opressor. É desnecessário dizer o quanto eu discordo destes adjetivos. O nosso código de vestimentas não nos impede de ter uma vida produtiva. As mulheres muçulmanas têm seus empregos, os quais não são desvalorizados nem depreciados pelo vestuário adotado.Em relação  a questão do tempo, convêm dizer que o vestuário feminino muçulmano parece ser o mais apropriado, levando-se em conta a crescente falta de moral no mundo contemporâneo.

 

Aqueles que consideram a maneira islâmica de se vestir ultrapassada, falam por pura ignorância. A moralidade cada vez mais degradante de hoje em dia, faz com que o Hijab seja bem mais do que necessário. O número de crimes sexuais está crescendo cada vez mais. Embora esta sociedade (ocidental) diga que a mulher pode se vestir da forma que bem lhe convier, pode-se dizer que quando ocorre um estupro é feita a seguinte pergunta à vitima (assim que esta registra uma queixa): “Como você estava vestida”? Esta pergunta expressa uma contradição ideológica da sociedade no que se refere à chamada “mulher contemporânea”. Portanto, podemos verificar que existe uma relação direta entre o respeito que o homem tem pela mulher e o quanto esta mantém seu corpo a mostra.

 

Concluindo, eu espero que este artigo tenha ajudado a elucidar alguns aspectos distorcidos ou mal-compreendidos em relação ao Islã e as mulheres muçulmanas. Por estas, o Universo Islâmico tem muito respeito e consideração. Nós nunca iremos encontrar sucesso ou soluções para os nossos problemas, a não ser que tenhamos a consciência de que Allah sabe o que é melhor e que esta sociedade incrédula irá ruir por si própria.

 

Texto original: "The Distorted Image of the Muslim Woman" de  Naasira bint Ellison, convertida ao Islam, publicado no Hudaa Magazine, New York.

Este artigo foi traduzido por Sarah de Andrade Siqueira.

 

 

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