|
Malik El-Shabazz (Malcom X)Citação da Autobiografia de Malcom X como passada a Alex Haley |
|
|
A
primeira carta foi, claro, para minha esposa Betty. Eu sabia que ela
veria o que eu tinha visto - que na terra de Muhammad e a terra de Abraão,
eu tinha sido abençoado por Allah com um novo entendimento da
verdadeira religião do Islã, e uma melhor compreensão do inteiro
dilema racial americano. Eu
sabia que quando minha carta se tornasse pública na América, muitos
ficariam aturdidos – pessoas queridas, amigos e inimigos. Eu mesmo
fiquei aturdido. Mas houve precedente em minha vida para esta carta.
Aqui está o que escrevi... do meu coração: “Nunca
eu tinha testemunhado tal sincera hospitalidade e irresistível espírito
de verdadeira irmandade como é praticado por pessoas de todas as cores
e raças nesta Antiga Terra Sagrada, o lar de Abraão, Muhammad e todos
os profetas das Escrituras Sagradas. Ao longo da última semana, eu
fiquei sem palavras e fascinado pela graciosidade que vejo demonstrada
ao meu redor por pessoas de todas as cores. Eu
fui abençoado em visitar a Cidade Sagrada de Meca. Eu fiz os sete
circuitos em torno da Caaba, levado pelo jovem Mutawaf chamado Muhammad.
Eu bebi da água do poço de Zam-Zam... Havia
dezenas de milhares de peregrinos, do mundo inteiro. Eles eram de todas
as cores, de louros de
olhos azuis a africanos de pele negra. Mas estavam todos participando em
um mesmo ritual, demonstrando o mesmo espírito de unidade e irmandade. A
América precisa entender o Islã, porque esta é uma religião que
apaga da sociedade o problema da raça. Através de minhas viagens no
mundo islâmico, eu tenho encontrado, falado, e mesmo comido com pessoas
que na América seriam consideradas ‘brancas’ – mas a atitude
‘branca’ foi removida de suas mentes pela religião do Islã. Eu
nunca tinha visto antes uma irmandade verdadeira e sincera praticada por
todas as cores juntas, independente de suas cores. Você
pode estar chocado por estas palavras virem de mim. Mas nesta peregrinação,
o que eu tenho visto, e experimentado, me forçou a rearranjar muito dos
padrões de pensamento que mantive previamente, e deixar de lado algumas
de minhas prévias conclusões. Não foi muito difícil para mim. Apesar
de minhas convicções firmes, eu sempre fui um homem que tenta
enfrentar os fatos, e aceitar a realidade da vida quando uma experiência
nova e conhecimento novo revelam isto. Eu mantive sempre uma mente
aberta, que é necessária para a flexibilidade que deve andar de mãos
dadas com toda busca inteligente pela verdade. Durante
os últimos onze dias aqui no mundo muçulmano, eu tenho comido do mesmo
prato, bebido do mesmo copo, e dormido no mesmo tapete – enquanto
orando para o mesmo Deus – com irmãos muçulmanos, cujos olhos eram
os mais azuis dos azuis, cujo cabelo era o mais louro dos louros, e cuja
pele era a mais branca das brancas. E nas palavras e nas ações e nos
atos destes muçulmanos ‘brancos’, eu senti a mesma sinceridade que
senti entre os muçulmanos negros africanos da Nigéria, Sudão e Gana. Nós
éramos verdadeiramente todos os mesmos (irmãos) – porque sua crença
em um Deus tinha removido o ‘branco’ de suas mentes, o ‘branco’
de seu comportamento, e o ‘branco’ de suas atitudes. Todos
os louvores são para Allah, o Senhor de todos os Mundos. Sinceramente, El-Hajj
Malik El-Shabazz (Malcom
X) ‘Ó
humanos! Nós os criamos de um único (par) de um homem e uma mulher, e os
fizemos nações e tribos, de modo que possam conhecer uns aos outros.
Verdadeiramente, o mais honrado entre vocês aos olhos de Deus é o mais
virtuoso. E Deus tem pleno conhecimento e está bem inteirado (de todas as
coisas).’ Escrito
árabe do versículo acima. Alcorão
surata 49: 13 ‘Ó
homens! Ouçam a minha mensagem e a entendam bem. Não existe
superioridade dos árabes sobre os não-árabes, e dos não-árabes sobre
os árabes, do branco sobre o negro e do negro sobre o branco, exceto em
sua consciência de Deus...’ Extrato do último sermão do profeta Muhammad (que a Paz esteja sobre ele). Texto original: " Malik El-Shabazz (Malcom X)" retirado do site 'New Internet Gazette'. Traduzido e reproduzido com permissão.
|