As
Mulheres e o Movimento Islâmico |
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1.
Divulgação dos Conceitos Linha Dura neste
Campo
Francamente,
devo dizer, aqui, que o trabalho islâmico tem servido de palco para a divulgação
de conceitos linha dura, que, atualmente, governam as relações entre homens e
mulheres, adotando as opiniões mais rigorosas, em relação a esta questão.
Foi o que presenciei, por mim mesmo, em muitas conferências e simpósios, até
na Europa e Estados Unidos. Por muitos anos a fio, compareci às conferências
anuais da União dos Estudantes Muçulmanos, nos Estados Unidos e Canadá, em
meados dos anos 70. Tanto homens como mulheres, assistiam, juntos, às palestras
e debates, ouvindo comentários,
questões, perguntas e discussões sobre cada
questão islâmica,
inclusive acadêmica, social, educacional e política. As únicas sessões
restritas exclusivamente às mulheres, foram aquelas determinadas para tratar de
questões relativas tão somente a elas. No
entanto, participei de algumas conferências nos Estados Unidos e Europa, nos
anos 80, e percebi que as mulheres foram mantidas afastadas de boa parte de
importantes palestras e debates. Algumas das mulheres
também queixaram-se de que elas tinham ficado entediadas com as
palestras que focalizam o papel da mulher, direitos, responsabilidades e posição
no Islã, e chegaram a encarar a repetição daquelas palestras como uma espécie
de punição imposta a elas. Em
mais de uma conferência de que participei, condenei isto, dizendo aos
participantes que as normas da adoração e do aprendizado religioso eram a
participação e que nunca tinha existido no Islã uma mesquita que fosse
reservada somente para as mulheres, e que não pudesse ser visitada pelos
homens. As mulheres assistiam às palestras nas quais o Profeta ensinava a
religião aos muçulmanos. Elas também participavam (ou, pelo menos, assistiam)
da Juma'a, das duas festas e das preces congregacionais, juntamente com
os homens. Elas faziam perguntas sobre questões estritamente femininas, sem
serem impedidas de aprender a Religião, por causa da timidez, conforme relatado
por Aisha. Os livros das sunnas estão repletos de questões que foram dirigidas
ao Profeta pelas mulheres, inclusive aquelas feitas pelas mulheres que queriam
respostas para questões concernentes apenas a elas próprias e aquelas feitas
em nome de todas as mulheres, como a mulher que disse: "Ó Mensageiro de
Allah, eu fui enviada a vós pelas mulheres." As
mulheres também pediram ao Profeta para arrumar um dia separado para elas, sem
a presença dos homens, a fim de que pudessem ter tempo e privacidade para
perguntar o que quisessem, sem ficarem inibidas com a presença dos homens. Este
foi um outro privilégio dado às mulheres,
além das lições públicas que elas assistiam com os homens.
2.
O Problema do Trabalho Islâmico na Atividade das Mulheres
O
problema do trabalho islâmico feminino é que são os homens, e não as
mulheres, que o administram, e eles são cuidadosos na manutenção desse
controle, porque, assim, não permitem o surgimento de lideranças femininas. Os
homens se impõem no trabalho islâmico feminino, inclusive até em
seus encontros, porque assim eles exploram a timidez das muçulmanas
retraídas e nunca lhes permitem assumir o comando de seus próprios assuntos.
Dessa forma, o talento feminino não tem qualquer chance de ser testado na busca
do Movimento Islâmico ou de ser amadurecido pela experiência, luta e
ensinamentos da escola da vida, pelos erros e acertos. No
entanto, nossas irmãs muçulmanas não estão completamente isentas de culpa,
porque renderam-se a este triste estado de coisas, contentando-se com uma vida
de facilidade e tranqüilidade, que os homens ensinam e Fui
convidado a dar uma palestra para as moças de uma universidade em Algiers, ano
passado. Como de costume, depois da palestra, comecei a aceitar as perguntas
escritas ou orais, feitas por elas. Alguns rapazes estavam presentes e um deles
encarregou-se de escolher as perguntas, e me passava apenas aquelas que ele
achava que deveriam ser respondidas, largando as que achava que não deviam.
Protestei contra a sua conduta, dizendo: "Por
que uma das moças não faz isso, em nome de suas colegas?"
"Por que os homens têm que "meter o nariz" nas questões
femininas? Tire suas mãos de cima delas. Deixe-as fazerem o que gostam,
selecionar suas próprias perguntas e escolher o que elas julgam pertinente, e,
então, deixe-as ler em voz alta",
Texto do dr. Yusuf Qaradawi distribuído pela mala direta do Canadian Islamic Congress. O Dr. Yusuf Qaradawi é um dos mais renomados teólogos muçulmanos da atualidade. É egípcio e concluiu seu curso de Teologia Islâmica na Universidade de Al-Azhar, no Cairo. Atualmente se divide entre o Canadá e os Emirados Árabes, onde é o reitor da Faculdade de Estudos da Religião.
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