As
Raízes Islâmicas Esquecidas dos Escravos
Os
muçulmanos representam um quinto da humanidade. Muitos americanos ignoram este
fato simples. Mas há outra estatística sobre a qual a maioria dos americanos são
também ignorantes: mais de um quinto de todos os escravos trazidos a estas
margens durante o período do horrível tráfico transatlântico de escravos
eram também de pessoas da fé Islâmica.
Embora
isto seja do conhecimento de alguns na comunidade afro-americana por muitas décadas,
pouca pesquisa acadêmica séria foi feita sobre o assunto até recentemente.
Alan Austin, um professor de história aposentado, fez muito da pesquisa
original que culminou no seu livro
"African Muslims in Antebellum America: Transatlantic Stories and
Spiritual Struggles'' (Muçulmanos Africanos na América Antes da Guerra:
Estórias Transatlânticas e Lutas Espirituais). Desde então, muitos outros
pesquisadores tem expandido sua pesquisa.
Apesar
da base forte de seu trabalho, a pesquisa de Austin em grande parte foi ignorada
na comunidade acadêmica. O livro de Sylviane Diouf -- "Servants of Allah:
African Muslims Enslaved in the Americas" (Servos de Allah: Muçulmanos
Africanos Escravizados nas Américas) -- é outro bem-escrito trabalho acadêmico
agora em sua segunda edição, mas que não recebeu a atenção que merece.
Quem
busca mais dados sobre o assunto achará a informação fascinante. Muitos
destes muçulmanos eram altamente educados em sua pátria africana, e eles
consideravam a América bárbara, comparada com suas próprias comunidades
civilizadas na África.
Os
relatos destas pessoas é comovente, para dizer o mínimo. Alguns, aliás, soam
como roteiros prontos
para uma película de Hollywood. Um é o do Príncipe Abdar Rahman, que
nasceu príncipe na sua pátria de Mali e, por causa de sua educação aristocrática,
intimidou muitos dos brancos que cruzaram seu caminho. Alguns destes homens
tornaram-se conferencistas e viajaram pelo país dando palestras sobre suas
vidas e experiências, e alguns até retornaram às suas pátrias através de laços
diplomáticos e de negócio.
Estes
relatos devem ser escritos em cada texto da história americana. Os americanos
devem saber que o Islã não é uma fé alheia e nova a esta terra, mas esteve
aqui desde as primeiras chegadas dos Europeus a estas margens, e talvez
antes disso.
Esta
informação é uma ferramenta poderosa que pode ser usada para dissipar crenças
falsas sobre a ignorância dos africanos e sua falta de cultura e civilização.
Pode capacitar os jovens assim como os mais velhos a ver a tapeçaria rica que
compõe o continente da África e quanto daquela riqueza veio a embelezar estas
margens.
Seguramente,
devemos aos homens e mulheres que sofreram grandemente, pelo menos saber quem
eles eram e ler e ouvir sobre as respostas poderosas que eles deram às
adversidades e tribulações terríveis que encararam.
Texto
de Hamza Yusuf Hanson. Hamza Yusuf Hanson é diretor executivo do
Instituto Zaytuna em Hayward. O site da entidade pode ser visitado em:
http://www.zaytuna.org