“Tauhid”: O Monoteísmo Islâmico  

 

Os 99 Nomes e Atributos de Allah, em árabe

 

“Tauhid” literalmente significa “unificação” ou “afirmar unicidade”. Entretanto, quando usado em referência à Allah significa perceber e manter a unicidade de Allah em todas as ações humanas, direta ou indiretamente ligadas a Ele. É a crença de que Allah é Único, sem parceiros em Seu domínio e Suas ações; Único sem semelhança em Sua essência e atributos; Único e sem rivais em Sua divindade e adoração. Estes três aspectos formam a base para as categorias em que a ciência do “Tauhid” foi tradicionalmente dividida.  

As três categorias de "Tauhid" são comumente referidas pelos seguintes títulos:  

    *  "Tauhid ar-Ruboobiyah" (literalmente: Manter a Unicidade da Soberania de Allah)

    *   "Tauhid al-Asmaa uas-Sifaat" (literalmente:  Manter a Unicidade dos Nomes e Atributos de Allah)  

    "Tauhid al-Ebaadah" (literalmente: Manter a Unicidade da Adoração à Allah).  

A divisão do “Tauhid” nestes componentes não foi feita pelo profeta Muhamad (SAWS) nem por seus companheiros. A necessidade desta abordagem analítica surgiu depois que o Islã se espalhou pelo Egito, Bizâncio, Pérsia e Índia e absorveu as culturas destas regiões. Naturalmente os povos destas terras quando abraçaram o Islã, levaram algumas reminiscências de suas crenças anteriores. Quando alguns destes novos convertidos começaram a expressar em escritos e discussões seus vários conceitos filosóficos de Deus, a crença unitária do Islã ficou ameaçada. Também existiam os que apenas externamente haviam abraçado o Islã mas secretamente trabalhavam para destruir a religião em seu interior. Este grupo começou a propagar ativamente idéias distorcidas sobre Deus entre as massas, de modo a destruir o primeiro pilar da Fé e com isto o Islã. Foi dentro deste cenário que a ciência do “Tauhid” surgiu com suas categorias definidas e componentes.    

“Tauhid ar-Ruboobiyah" (Manter a Unicidade da Soberania de Allah)

Esta categoria é baseada no conceito fundamental de que Allah causou a existência de todas as coisas quando nada existia; Ele sustenta e mantém a criação sem precisar dela; Ele é o único Senhor do universo e seus habitantes sem qualquer ameaça à Sua soberania. Em árabe a palavra usada para descrever esta qualidade criadora-sustentadora é "Ruboobiyah" que é derivada da raiz “Rabb” (Senhor). Nada acontece na criação a não ser o que Ele permite que aconteça. O profeta Muhamad (SAWS) repetia com freqüência a frase:

 “Não existe movimento ou poder a não ser pela vontade de Allah”.

Outro conceito elaborado pelo profeta (SAWS) foi:

“Saiba que se toda a humanidade se unir para ajudar a alguém, será capaz de fazer apenas o que Allah já havia prescrito. Da mesma forma, se toda a humanidade se unir para prejudicar a alguém, será capaz de fazer apenas o que Allah já havia prescrito”. 

Algumas vezes os padrões são identificáveis, como no caso das relações de causa e efeito, e outras vezes não. A sabedoria por trás destas irregularidades aparentes frequentemente está além da compreensão imediata do homem devido ao seu conhecimento limitado.

“É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, talvez, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe e vós ignorais.” 

(Alcorão surata 2:216)  

"Tauhid al-Asmaa uas-Sifaat" (Manter a Unicidade dos Nomes e Atributos de Allah):  

Esta categoria de "Tauhid" implica que:  

1-     Não devemos chamar ou qualificar Allah exceto com os nomes e atributos utilizados por Ele e Seu Mensageiro;

2-     Ninguém pode ser chamado ou qualificado com os Nomes e Atributos de Allah.

3-     Devemos confirmar todos os Atributos de Allah declarados no Alcorão ou mencionados através do profeta (SAWS) sem modificá-los ou ignorá-los completamente, alterando seus significados ou atribuindo semelhança a qualquer das coisas criadas.

 O princípio chave que deve ser seguido quando lidando com os atributos de Allah é a fórmula corânica:

"Nada se assemelha a Ele e Ele é o Oniouvinte, o Onividente". 

(Alcorão surata 42:11)

Os atributos de ver e ouvir estão entre os atributos humanos mas quando atribuídos a Allah não existe comparação em sua perfeição. Muitas denominações xiitas atribuem aos seus imames o atributo de absoluta infalibilidade, pertencente apenas a Allah. Também significa que Seus Nomes não podem ser dados à Sua criação a não ser que venham precedidos do prefixo “Abd”, que significa “servo de”. 

   

“Tauhid al-Ebaadah” (Manter a Unicidade da Adoração):  

Apesar das implicações amplas das duas primeiras categorias de "Tauhid", elas devem estar acompanhadas de seu complemento, "Tauhid al-Ebaadah", para ser considerada completa de acordo com o Islã. Todos os pagãos de Meca sabiam que Allah era seu Criador, Sustentador, seu Senhor e Mestre e ainda assim seu conhecimento não os tornava muçulmanos.  De fato está escrito no Alcorão:

"E sua maioria crê em Allah e ainda Lhe atribui semelhantes". 

(Alcorão surata 12:106)

Alguns pagãos de Meca até acreditavam na Ressurreição e no Dia do Juízo Final e outros em Predestinação. Grande evidência destas crenças podem ser encontradas em poesias pré-islâmicas. É atribuído ao poeta pré-islâmico Zuhair ter dito:

“Ou é adiado, colocado em um livro e salvo até o Dia do Juízo ou antecipado e vingado”.

Outro poeta pré-islâmico, Antarah, disse:

“Ó Ebil, para onde você fugirá da morte, se meu Senhor no céu a destinou?”

Apesar das confissões de "Tauhid" dos habitantes de Meca e seu conhecimento de Allah, eles foram classificados como descrentes ("Kufaar") e pagãos ("Mushrikoon"), porque adoravam outros deuses junto a Allah. Também de acordo com o Alcorão, quando os habitantes de Meca foram questionados sobre direcionar suas orações a ídolos, eles responderam:

“Não deve, porventura, ser dirigida a Allah a devoção sincera? Quanto àqueles que adotam protetores além d'Ele, dizendo que os adoram para que os aproximem dignamente de Allah, Ele os julgará a respeito de tal divergência. Allah não encaminha o ingrato." 

(Alcorão surata 39:3)

Os ídolos eram utilizados como intermediários entre os homens e Allah e ainda assim os habitantes de Meca foram considerados pagãos por sua prática. Consequentemente no Islã não existe necessidade de qualquer forma de intercessor ou intermediário entre o homem e Deus. 

Entender o propósito da criação em seu sentido completo está além da capacidade humana. Desta forma, Deus tornou parte da natureza do homem adorá-Lo e enviou profetas e livros de revelação divina, para esclarecer o aspecto do propósito da criação que a capacidade mental do homem pudesse alcançar.  Se alguém ora aos mortos, a profetas, santos ou anjos pedindo ajuda ou intercessão junto a Allah, comete “shirk” ou idolatria dentro do conceito islâmico.  Está escrito no Alcorão:

"Porventura adorareis em vez de Allah a quem não pode beneficiar-vos ou prejudicar-vos?"  

(Alcorão surata 21:66)

“Aqueles a quem invocais em vez de Allah são servos como vós.” 

(Alcorão surata 7:194)

"Se Allah te infligir um mal, ninguém dele poderá libertar-te, a não ser Ele; por outra, se te agraciar com um bem, será, porque é Onipotente."

(Alcorão surata 6:17)   

Elaborado por Maria Moreira, webmistress do Islamic Chat.

Fonte: Livro "The Fundamentals of Tawheed" de Abu Ameenah Bilaal Philips - International Publishing House.

 

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