Ghadir Khumm - Uma Perspectiva Sunita

 


 

Introdução:

 

Uma das dúvidas que eventualmente assola um recém-convertido é a divisão entre sunitas e xiitas. Muitos se deparam, mais cedo ou mais tarde, com a tarefa de decidirem a que grupo pertencer. A decisão é difícil a nível pessoal, porque ela envolve uma questão de sinceridade na prática religiosa, e também a nível prático, pela dificuldade em obter informações imparciais sobre as duas maiores vertentes do Islã. 

Como todo convertido eu me vi em um determinado momento nessa situação e descobri, a duras penas, que tanto do lado dos sunitas quanto dos xiitas muitos estereótipos e desinformações são alimentados, para que a sua vertente se apresente como a verdadeira.

O ponto crucial da divisão entre sunitas e xiitas é a questão da sucessão do Profeta Muhammad (saws). Aqueles que são denominados sunitas e que acabaram formando o ramo majoritário do Islã, consideraram que Abu Bakr (r.a) deveria ser o sucessor do Profeta Muhammad (saws), e os xiitas consideraram que Ali (r.a), sobrinho e genro do Profeta e que mais tarde viria também a ser califa, era o seu legítimo sucessor imediato. Abu Bakr foi o escolhido, e a partir desse momento houve uma divisão incontornável na comunidade muçulmana.

Essa divergência, de cunho eminentemente político em sua origem, evoluiu para o campo religioso e teológico, provocando o aparecimento de algumas diferenças na prática religiosa entre esses dois grupos.

Um evento ocorrido na localidade de Ghadir Khumm é tido, especialmente pelos xiitas, como um marco importante na definição do legítimo sucessor do Profeta Muhammad (saws) e é mencionado em todos os sites xiitas, nacionais e internacionais. 

O evento entretanto não tem o mesmo peso na tradição sunita, e alguns fatos relacionados a ele mencionados na versão xiita não são considerados autênticos pelos sunitas, e por essa razão não é comum encontrar menção ao evento em sites sunitas. Esse "silêncio" sunita alimenta, de certa forma, a concepção errada de que os sunitas tem "algo a esconder" sobre o assunto.

A finalidade desse artigo é tentar apresentar, lado a lado, as versões sunita e xiita dos fatos, para que aqueles que desejarem possam compará-las. 

 A pesquisa nas fontes islâmicas sobre as razões das divisões entre sunitas e xiitas é um trabalho árduo que se iguala a montar um enorme quebra-cabeça. Pedaços de informações estão dispersos aqui e ali, já que em quase 13 séculos de divergências muito material onde xiitas refutam sunitas e vice-versa foi produzido. Juntá-los de modo a fazerem sentido requer paciência e perseverança. 

No caso dos brasileiros que não falam outro idioma além do português essa tarefa se torna impraticável, pela falta de informações aprofundadas sobre o assunto em língua portuguesa. 

Foi pensando em tudo isso, e não em estimular divisões, que eu me propus a apresentar o resultado de minhas pesquisas pessoais. Uma vez que sites nacionais xiitas mencionam o evento de Ghadir Khumm, é fundamental que as pessoas tenham acesso a todas as informações disponíveis de ambos os lados. 

Na medida do possível eu me restringi ao uso de fontes disponíveis on-line, para que elas sejam checadas por aqueles que assim o desejarem. Se por um lado essa atitude limitou as minhas opções na elaboração do artigo, por outro eu acredito que ela seja a mais adequada no sentido de fazer com que esse artigo seja apenas um ponto de partida, e não uma posição definitiva, para pesquisas sobre o tema em questão.

 Alguns dos fatos mencionados aqui são recorrentes em todos os sites xiitas, mas a título de referência para os brasileiros os artigos usados para exemplificar a versão xiita foram  "O Profeta (sal) apontou um sucessor?"  e "Ashura - Uma História não Contada", ambos do site ShiaNet.

 

 

O Significado da palavra "Mawla":

 

É com base principalmente em uma frase dita pelo Profeta Muhammad (saws) em Ghadir Khumm que os xiitas concluem que Ali foi indicado como sucessor do profeta Muhammad: "Aquele de quem eu sou mawla, `Ali também é seu mawla. Ó Allah, seja wali daquele que é seu amigo, e seja o inimigo daquele que é seu inimigo”, atribuindo a palavra “mawla” o significado de “mestre” ou “líder”.

Os sunitas discordam que a palavra “mawla” tivesse sido usada com esse significado, e não vêem esse evento como prova da indicação de Ali como sucessor porque a
palavra “mawla” pode ter os seguintes significados:

Senhor

Proprietário

Benfeitor

Liberador

Ajudante

Amado

    Aliado

     Servo

      Cunhado

     Primo

 

Em relação ao significado da palavra "mawla", no versículo 15 da surata 57 é dito:

“Hoje nenhum resgate será aceito de vós, nem daqueles que rejeitaram Allah. Sua morada é o Fogo que é (mawlakum) e um mal refúgio!”  (57: 15)

A palavra mawlakum tem as seguintes traduções nesse versículo:

Na tradução do prof. Samir Hayek é dito “que é o que merecestes”.

Na tradução de Yusuf Ali é dito “que é o seu lugar adequado”.

Na tradução de Muhammad Al-Hilali é dito “que é o lugar adequado.”

Na tradução de Pickthall é dito “que é o seu protetor”.

Na tradução de M. H. Shakir é dito “que é seu amigo”.

 

Em nenhuma delas a palavra “mawlakum” foi empregada como significando “seu mestre” ou “seu líder” (o sufixo “kum” significa o pronome possessivo “seu”). O significado geral do versículo é de que o Fogo (Inferno) é próximo, é aliado, tem afinidade, com os descrentes.

Os árabes usavam a palavra com todos esses significados, e para entender o possível significado usado pelo profeta nesse evento ajuda saber em que contexto a frase foi dita.

Segundo as fontes sunitas Ali estaria vindo de uma incursão ao Iêmen com um grupo de 300 muçulmanos de Medina. A incursão durou 3 meses e foi bem sucedida, e no espólio de guerra havia entre outras coisas grandes peças de linho.

Os participantes da batalha estavam sujos e maltrapilhos, e sabendo que todos em Meca estariam bem vestidos para a Eid, eles pediram para usar o linho para fazer roupas novas, o que Ali negou por achar que tudo deveria ser entregue ao Profeta (saws), que faria então a distribuição.

Ansioso para se encontrar com o Profeta (saws), Ali foi na frente e deixou uma pessoa encarregada de liderar os homens. Essa pessoa cedeu aos insistentes pedidos e distribuiu o linho. Quando o grupo chegou perto de Meca, Ali foi ao encontro dele e viu que o linho tinha sido distribuído, ficando irado com a desobediência às suas ordens. Ele fez com que todos devolvessem o linho aos espólios de guerra e voltassem a usar suas roupas velhas e sujas, o que causou grande ressentimento em relação a ele.

Quando encontraram o Profeta as pessoas passaram a reclamar de Ali insistentemente. O Profeta tentou apaziguar os ânimos dizendo que Ali tinha feito tudo por um zelo religioso, e que por isso não deveria ser criticado. Isso não foi suficiente para acalmar os ânimo, e as críticas e reclamações em relação a Ali continuaram, o que irritou profundamente o Profeta (saws). No retorno para Medina, depois de concluir a peregrinação, o Profeta parou o grupo e disse a frase citada, onde para os sunitas a palavra “mawla” teria o sentido de “ajudante”, “aliado”, etc. 

Assim, ao invés de significar uma relação de liderança, para os sunitas essa frase seria menção à uma relação de amizade, proximidade e lealdade que deveria unir os muçulmanos a Ali, em contraposição à situação de ódio e hostilidade que prevalecia naquele momento, o que seria confirmado pela continuação “Ó Allah, seja amigo daquele que é seu amigo, e seja inimigo daquele que é seu inimigo."
 

Outra argumentação sunita para negar que esse hadith contenha alguma indicação de liderança é o fato do Profeta não ter delimitado um tempo para essa liderança se tornar efetiva. Linguisticamente, argumentam os teólogos sunitas, seria importante complementar a frase com “depois de mim”, informando que Ali seria o líder da Ummah após a morte do Profeta (saws).

Sem essa indicação de tempo a frase deve ser lida e entendida como sendo válida no momento em que foi dita, ou seja, que o Profeta (saws) estava dizendo que: “Aqueles entre vocês que estão sob a minha liderança, estão também sob a liderança de Ali”, o que nunca foi um fato.

Entretanto se a palavra “mawla” for aplicada no sentido de amizade, lealdade e aliança, ela não necessita de uma delimitação de tempo, uma vez que nada impede um/a muçulmano/a de ser amigo/leal/aliado de mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Dessa forma, no entender dos teólogos sunitas a frase teria o seguinte significado: “Aqueles entre vocês que são leais a mim, são leais também a Ali”.

Embora os teólogos sunitas entendam que o hadith não tinha nada a ver com indicação de liderança, eles consideram que o hadith deixou claro que o Profeta amava Ali e que por isso os muçulmanos deviam amá-lo também.

 

Analisando o Relato Xiita sobre o Evento de Ghadir Khumm:

 

Na maioria dos sites xiitas onde é relatado o evento de Ghadir Khumm é dito que essa é uma localidade distante "algumas milhas" de Meca, na estrada para Medina. O uso da expressão "algumas milhas" dá uma noção totalmente equivocada de distância a quem a lê. 

A distância total entre Meca e Medina é de 300 milhas ou 500 quilômetros, e Ghadir Khumm se localiza mais ou menos na metade do caminho, ou seja, a pelo menos 150 milhas ou 250 quilômetros de Meca. Se até hoje essa é uma distância razoável, é fácil imaginar o quão significativa ela era na época do Profeta (saws).

Para permitir a visualização dessa distância, estão abaixo três mapas, dois da Arábia Saudita e um do Oriente Médio. 

O primeiro indica a rota das caravanas na época do Profeta (saws) entre as cidades de Meca e Medina, o segundo é um mapa atual da Arábia Saudita que serve para referendar o primeiro e também para localizar outras cidades mencionadas na biografia do Profeta (saws), como a cidade de Taif, próxima à Meca, e o terceiro  é um mapa do Oriente Médio que serve para localizar países vizinhos em relação à Arábia Saudita e em relação à Meca, em especial.

 

Clique nas figuras para vê-las em tamanho maior

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NOTA: O mapa acima consta dos sites "Al Ansar"e do site xiita internacional "The Event of Ghadir Khumm in the Qur'an, Hadith, History"   na seção dedicada a informar a localização de Ghadir Khumm, o que significa que os xiitas o aceitam como válido. Foram apenas incluídas as traduções em português das localidades que interessam nesse caso,  já que o mapa está em árabe.

 

 

Pode-se perceber pela análise dos mapas que a distância a ser percorrida até Ghadir Khumm era significativa, e que não faria nenhum sentido percorrê-la para os muçulmanos de Meca, assim como para os muçulmanos  vindos de cidades vizinhas e do Iêmem.  

A alegação de que Ghadir Khumm era um ponto de parada obrigatório na volta das caravanas que se dirigiram à Meca para a Peregrinação antes de se dispersarem, só é válida no caso daquelas caravanas que estavam indo em direção à Medina.

Outro dado do relato xiita em relação ao evento de Ghadir Khumm diz respeito à revelação dos versículos 3 e 67 da quinta surata:

"Oh Mensageiro, proclame o que tem sido enviado para ti de teu Senhor; e se tu não o fizeres, tu não terás entregado Sua Mensagem (completamente); e Allah te protegerá das pessoas".
- Qur`an, 5:67


"Hoje Eu tenho aperfeiçoado seu Din e completado meu favor sobre ti, e Eu estive satisfeito de ter feito do Islã teu Din". - Qur'an 5:3 (1)

Segundo a versão xiita esses versículos teriam sido revelados em Ghadir Khumm. O versículo 67 antes do Profeta fazer o discurso no qual teria determinado que Ali seria o seu sucessor, e o versículo 3 logo após o Profeta ter feito o discurso em favor de Ali.

Entretanto, segundo as traduções de M. Pickthall e Yusuf Ali o último versículo corânico revelado foi o terceiro da quinta surata, “...Hoje completei a religião para vós...”, no monte Arafat durante a Peregrinação do Adeus ou da Despedida.

Na tradução do prof. Hayek não é dada a informação precisa de qual versículo corânico foi revelado por último, mas pode-se ler na introdução da surata 5:

“Revelada em Medina; 120 versículos, com exceção do versículo 3, que foi revelado em Arafat, durante a Peregrinação da Despedida.” (2)

Pelo significado do versículo “...hoje completei a religião...”, pode-se facilmente concluir que ele foi o último.

Segundo a própria informação xiita, o evento de Ghadir Khumm ocorreu após o término da peregrinação em um local distante “algumas milhas de Meca”, e consequentemente o versículo 3 da quinta surata já tinha sido revelado.

Foi após a revelação do último versículo que o Profeta (saws) fez o seu famoso Sermão da Despedida, onde ele reforça as diretrizes básicas do Islã. 

Se a indicação de um sucessor tivesse que ser feita, não haveria melhor ocasião do que durante o Sermão da Despedida, que claramente tem a intenção de ser uma última advertência do Profeta (saws) à Ummah. Na verdade o Sermão da Despedida nem teria esse nome, se outro sermão da mesma importância tivesse sido feito depois dele.

Entretanto nenhuma menção a um sucessor é feita nesse sermão, onde estavam presentes todos os peregrinos vindos de todos os lugares para o hajj, sendo no mínimo estranho que o Profeta (saws) tenha optado por fazer uma declaração de tamanha importância para a Ummah em uma localidade onde estariam obrigatoriamente excluídos os muçulmanos de Meca, cidades vizinhas e de outros territórios como o Iêmen, por exemplo.

A opinião sunita é de que o comentário do profeta em relação a Ali foi retardado para ser feito em Ghadir Khumm, na volta para Medina, justamente porque o assunto tratado dizia respeito somente aos muçulmanos de Medina, e não a todos os muçulmanos, já que foram os muçulmanos de Medina, liderados por Ali nas campanhas no Iêmen, que se queixaram de Ali ao Profeta (saws).

 

 

O Uso de Fontes Sunitas para Legitimar a Versão Xiita:

 

Com freqüência os sites xiitas apresentam fontes sunitas que reconhecem a autenticidade do evento de Ghadir Khumm, e em alguns casos é insinuado que apesar de saberem, os teólogos sunitas deliberadamente omitem tal informação dos sunitas "leigos".

A questão é simples: nenhum sunita nega a autenticidade dos fatos relatados em suas coletâneas de ahadith sobre o assunto. O que os sunitas questionam é o significado do termo "mawla", a importância do evento na sucessão do Profeta Muhammad (saws) e outros fatos relacionados aos eventos citados pelos xiitas que não constam nas fontes sunitas da forma como são mencionados nas fontes xiitas.

Com relativa freqüência hadiths das coletâneas sunitas são inseridos no meio de relatos, dando a impressão de que o hadith corrobora o relato em si. Um caso é o suposto juramento de fidelidade que Umar teria feito a Ali em Ghadir Khumm. Esse fato não é relatado em nenhuma fonte sunita, mas em alguns sites xiitas após a descrição da versão xiita do que ocorreu em Ghadir Khumm é dito:

 "O número de autoridades Sunni que narraram esse evento, tanto em detalhe quando de forma resumida, é estonteante! Esse evento histórico foi narrado por 110 companheiros do Profeta (sal), 84 sucessores da geração seguinte e então por muitas centenas de escolásticos do mundo Islâmico, do primeiro ao décimo quarto século após a Hijra (do sétimo ao vigésimo primeiro século d.C.). Essas estatísticas somente incluem transmissores aparecendo em narrações gravadas por escolásticos Sunni!" (3)

 

Para o leitor desavisado fica clara a impressão de que TUDO que foi relatado na versão xiita, inclusive o juramento de fidelidade de Umar, consta das fontes sunitas, o que não é o caso.

Um outro problema encontrado ao longo da pesquisa foi a menção de que muitas das fontes sunitas mencionadas pelos xiitas seriam obscuras e sem significância para os sunitas, não servindo portanto de referendo na da posição sunita.

 

 

As fontes sunitas estão divididas da seguinte forma:

 

1) Fontes Primárias: Inclui fontes cujas tradições contém uma cadeia de transmissores que se remonta ao Profeta (saws), aos seus Companheiros, à Ahlul Bait (Família do Profeta) e os Sucessores (geração seguinte à do Profeta Muhammad (saws)). A força ou fraqueza dessas narrações é determinada pela confiabilidade dos transmissores. 

Exemplos dessas coleções são: Muwatta Malik, Musnad Imam Ahmad, Sahih Bukhari, Sahih Muslim, Sunan Abi Dawoud, Jami'i at-Thirmidhi, Sunan Nisa'i, Sunan Ibnu Majah, al-Darqutni , al Baihaqi, al-Bazzar, Seerah Ibnu Hisham, at-Tabarani, Tareekh at-Tabari, Tabaqat Ibnu Sa'd, Abu Nu'am al-Esfahani, al-Khatib Al-Baghdadi, Tareekh Dimashq (ibn Aasakir), Mustadrak al-Hakim, at-Taqaseem wal Anwa( Sahih Ibnu Hibban), Abu Ya'la etc. De todas elas apenas Sahih Bukhari e Sahih Muslim podem ser considerados livres de narrações fracas ou fabricadas, sendo que as outras fontes tem suas discrepâncias. 

Em um nível de discrepâncias menor se encontram Muwatta Imam Malik, Musnad Imam Ahmad, Seerah Ibnu Hisham, Sunan Abi Dawoud, Jami'i Thirmidhi, Sunan Nisai, al-Baihaqi e Sunan Ibnu Majah. 

Com relação à Tareekh at-Tabari, um dos trabalhos citado pelos xiitas como fonte, o autor Ibn Jarir at-Tabari declarou em sua introdução que aquele que lesse o seu livro deveria saber que ele se baseou em notícias e histórias com a atribuição de seus narradores e que qualquer informação que fosse encontrada em seu livro sobre história que o leitor pudesse negar ou não considerar confiável, que ele saiba que o autor apenas registrou o que outras pessoas lhe narraram. Dessa forma o próprio autor se isentou de dar aos seus registros uma confiabilidade que eles não tinham.

2) Fontes Secundárias e Obscuras: Incluem fontes que não contém uma cadeia de transmissores e que simplesmente reproduzem tradições mencionadas nas fonte primárias. Alguns trabalhos citados são: Majma' az-Zawa'id de Abul Hasan al-Haythami,  Ad Dur al Manthur de as Suyuti, Tareekh Khulafa (Suyuti), Ihya uloom ad deen (de al-Ghazali),Tafseer Mafateeh al-Ghaib ou Tafseer el-Kabeer (de Fakhrudeen ar-Razi), Jami al Usool (de Ibn Atheer), Kanzul Ummal (de Ali Muttaqi al-Hindi), Yanabi al Muwaddah (de Sulaiman al-Qundozi), Kifayaat at-Talib (de Muhammad ibn Yusuf al-Ganji), Faraid al-Simtayn (de al-Hamawayni), Manaqib Ibn al Maghazali, Manaqib al Khawarazmi etc. 

Também é mencionado que algumas dessas fontes contém narrações sem cadeia de transmissores que estão ausentes das fontes primárias e devem ser consideradas como uma fabricação. 

3) Outras Fontes Insignificantes: Entre os exemplos citados constam Mujaam al buldaan de Yaqoot, "al-Iqd al Fareed" de "Ibn Abd Rabuh", Sharh Najhul Balagha de Ibn Abil Hadeed e "al-Imamah was Siyaasa", equivocadamente atribuído a Ibn Qutaiybah. O trabalho não seria nada mais do que uma fonte insignificante e obscura. (4)

 

Os Desdobramentos do Evento de Ghadir Khumm:

 

Em função do relato xiita do que ocorreu em Ghadir Khumm, outros eventos foram inevitavelmente atingidos e possuem versões diferentes para os sunitas. Analisar em profundidade todos esses fatos requereria um tempo e dedicação maior, e talvez seja um projeto no futuro, Insh'Allah, mas por enquanto eu creio que seja suficiente mencionar por alto as divergências entre sunitas e xiitas nesses pontos.

 

I -  A Escolha de Abu Bakr,  a Acusação de  "Golpe de Estado" e a Suposta Usurpação dos Direitos de Fátima (r.a):

 

Em conseqüência de acreditarem que Ali deveria ser o sucessor imediato do Profeta Muhammad (saws), os xiitas consideram que a eleição de Abu Bakr teria sido um "golpe de Estado" elaborado por alguns dos companheiros do Profeta (saws), que teriam "forjado" a sua eleição. Segundo ainda essa versão, os "golpistas" teriam se aproveitado do fato de Ali estar ocupado com o funeral do Profeta (saws) para elegerem Abu Bakr.

Para os sunitas esses companheiros perceberam o caos que viria a se instalar na Ummah se um novo líder não fosse escolhido o mais rápido possível . Segue um relato desse momento difícil da Ummah a partir de uma perspectiva sunita: 

 

"Após a morte do Profeta, as antigas inimizades que tinham sido administradas por ele em vida, tornaram-se mais evidentes. A comunidade muçulmana de Medina estava constituída por quatro grupos principais: os muhajirin, muçulmanos de Meca, que tinham acompanhado o Profeta por ocasião da Hégira; os ansar, cidadãos de Medina, que tinham recebido os muçulmanos de Meca e lutado com eles; os partidários de ‘Ali, que defendiam que o sucessor do Profeta deveria ser alguém da família dele (hashemita), no caso ‘Áli ibn Abu Talib, genro e primo do Profeta; e os Omíadas, pertencentes à aristocracia de Meca, cujo líder do clã era Abu Sufyan.

Esses grupos, de uma forma ou de outra, achavam-se os legítimos sucessores do Profeta. O Profeta não havia determinado a forma de sucessão. Seguindo as tradições, em que a escolha do líder do clã era em função da experiência, sabedoria e prestígio, escolheram Abu Bakr para ser o primeiro califa. Não obstante umas poucas reações, não houve uma oposição declarada à indicação."
(5)

 

Outra acusação feita a Abu Bakr (r.a) é a de que ele teria usurpado o direito de Fátima (r.a) em relação à uma área chamada Fadak. Os xiitas alegam que o Profeta Muhammad (saws) possuía essa área, e que após a sua morte Fátima (r.a) teria ido até Abu Bakr (r.a) para reclamar a sua herança.

Segundo os xiitas Abu Bakr (r.a) teria negado à Fátima (r.a) o seu direito simplesmente para usurpar-lhe o bem. Nas fontes sunitas pesquisadas a divergência entre Fátima (r.a) e Abu Bakr (r.a) é mencionada e atribuída à uma diferença interpretativa entre os dois dos ensinamentos islâmicos.  

Fátima (r.a) estaria se baseando no versículo 11 da quarta surata que diz: “Allah lhes prescreve nos casos de herança: a um homem o dobro da parte de uma mulher." (6) Abu Bakr teria usado como referência um hadith do Profeta (saws): "Nós não deixamos herança. O que deixamos para trás é caridade." (Sahih Muslim, Kitab al-Jihad was-Siyar, no.49) e em outra versão: "Nós, os profetas, não deixamos herdeiros." (Musnad Ahmad, vol. 2 p.462 (7)

Os xiitas reconhecem essa narração como autêntica, e o califa Ali (r.a) quando assumiu o poder manteve a decisão adotada pelos califas antes dele, e não procedeu à divisão da herança de Fátima, a essa época já falecida, dividindo a propriedade entre ele próprio e seus filhos como seria de se esperar, se ele considerasse a decisão de Abu Bakr (r.a) equivocada. (8)

Tanto Fátima (r.a) quanto Abu Bakr (r.a) se basearam em evidências legítimas para estabelecer suas posições, e é provável que se os envolvidos fossem ambos xiitas o caso ficaria restrito a um mal-entendido, e não à uma acusação de usurpação de propriedade.

 

 

II - O Suposto Assassinato de Fátima e seu Filho Mohsin por Umar:

 

Os xiitas relatam que em uma determinada ocasião Umar (r.a) e seus seguidores teriam ameaçado queimar a casa de Fátima (r.a), e que o próprio Umar  (r.a) teria empurrado a porta da casa e ferido Fátima (r.a) seriamente, o que teria provocado a perda do seu bebê Mohsin no sexto mês de gestação. Em decorrência desse aborto e dos ferimentos sofridos Fátima (r.a) teria adoecido e morrido meses depois. (9)

Esse fato aparentemente não é relatado em nenhuma fonte sunita confiável. As fontes sunitas apresentadas pelos xiitas para corroborar a ocorrência desse evento se encontram na categoria "Fontes Insignificantes" mencionada acima, sendo a mais usada "al-Imamah was Siyaasa", que é equivocadamente atribuída a Ibn Qutaiybah.  

Em uma pesquisa na Internet sobre os trabalhos de Ibn Qutaiybah foram encontrados os seguintes títulos: Kitab Adab al Katib, Kitab al Maarif, Kitab as Shir Wa Ash Shura, Kitab Uyum al Akhbar, Kitab al Arad (10)

Ao fazer uma pesquisa inversa, digitando o nome do livro "al-Imamah was Siyaasa" no navegador, todos os retornos direcionaram para sites xiitas, justamente em um artigo que menciona o suposto ataque de Umar (r.a) à casa de Fátima (r.a) e que é reproduzido em todos esses sites em diversos idiomas.

A confiabilidade dessa fonte também teria sido questionada no livro Kitab Al-Imamah wa Al-Siyasah fi Meezan Al-Tahqeeq Al-Elmi do Dr.Abdullah Aseelan, que serviu de referência para uma resposta sunita sobre o assunto.

Vale também considerar, pelo menos a título de reflexão, se o argumento de que Ali teria suportado em silêncio a morte de seu filho e de sua esposa, e ainda cooperado com os seus assassinos e os mantido como seus amigos para não dividir a Ummah é um argumento razoável.

 

 

A Postura Sunita Em Relação Às Acusações Feitas Pelos Xiitas Contra Alguns Companheiros do Profeta (saws):

 

 

Os sunitas se ressentem profundamente dessas acusações não apenas por uma questão puramente emotiva, mas por uma questão de lógica. Os companheiros acusados de terem dado um "golpe de Estado", Abu Bakr, Umar e Uthman, foram justamente aqueles que sacrificaram os seus bens e conforto material para apoiar o Profeta (saws) no início de sua missão. Esse fato nem mesmo os xiitas negam.

Se o que eles estavam buscando era poder e fortuna eles não precisariam ter se juntado ao Profeta e esperado vinte anos, período durante o qual passaram por vários perigos e privações, para obtê-los. Seria mais lógico e prático terem lutado contra o Profeta ou até mesmo ficado neutros, mantendo a posição privilegiada que tinham na sociedade árabe pagã, já que ninguém em sã consciência poderia supor, no início da missão do Profeta (saws), que ele teria tamanho êxito. Esse é um aspecto.

Outro aspecto é o comportamento do califa Ali (r.a) em relação a esses companheiros do Profeta (saws) após a morte dele. Nas fontes sunitas existem dois relatos diferentes sobre o comportamento de Ali em relação à eleição de Abu Bakr: uma versão diz que Ali tão logo terminou o seu dever em relação ao funeral do Profeta teria se juntado aos companheiros que elegeram Abu Bakr e prestado a ele o seu juramento de fidelidade. A outra versão é de que ele teria ficado ressentido por seis meses, tendo finalmente aceitado a eleição e passado a atuar como conselheiro de Abu Bakr e dos califas que o sucederam até que ele próprio, Ali, se tornou califa. A segunda versão parece ser a mais correta.  

A razão apresentada pelos xiitas para essa demora de Ali (r.a) em prestar fidelidade a Abu Bakr (r.a) seria o fato de Abu Bakr (r.a) ter lhe usurpado o poder. Na versão sunita o motivo teria sido a disputa sobre o Fadak mencionada anteriormente. Essa disputa teria causado um certo estremecimento nas relações de Ali (r.a) com Abu Bakr (r.a). Esse estremecimento teria sido minimizado quando Abu Bakr (r.a) foi visitar Fátima (r.a), que estava doente, e tentar esclarecer o mal-entendido. 

Após a morte dela Ali (r.a) teria ido até Abu Bakr (r.a) e dito que admirava a sua superioridade, e que não invejava a posição na qual Allah havia lhe colocado, mas que achava que como parente do Profeta (saws) o Califado era um direito seu, que Abu Bakr (r.a) havia tirado. Essas palavras teriam feito brotar lágrimas nos olhos de Abu Bakr (r.a) que disse: "Por Allah, os parentes do Profeta (saws) são mais queridos a mim do que meus próprios parentes." Ao ouvir isso Ali (r.a) se satisfez, e foi à mesquita prestar juramento de fidelidade a Abu Bakr (r.a) publicamente. (11)

Esses fatos são relatados na versão xiita, mas os motivos e as circunstâncias envolvidos são diferentes.

 

A suposição de que não havia uma inimizade entre Ali (r.a) e os outros Companheiros do Profeta (saws) pode ser suportada com os fatos a seguir:

 

1) Após a morte de Fátima (r.a) Ali (r.a) se casou com outras mulheres. A primeira delas foi Umm-ul-Bunian, com quem ele teve cinco filhos. Ele deu a dois desses filhos os nomes de Uthman e Umar, que foram martirizados junto com Hussein (r.a) na batalha de Karbala.

A terceira esposa se chamava Umm Habib, com quem Ali (r.a) teve dois filhos, um menino e uma menina. O menino recebeu o nome de Umar.

A quinta esposa se chamava Laila, com quem Ali (r.a) teve dois filhos e deu a um deles o nome de Abu Bakr. (12)

2) Ali (r.a) deu a mão de sua filha Umm Khulthum (r.a), do seu casamento com Fátima, em casamento para Umar (r.a).

Embora seja alegado que Ali (r.a) estivesse tentando manter a unidade da Ummah, não parece razoável supor que ele daria a seus filhos os nomes dos homens que lhe usurparam o poder e que foram responsáveis pela morte de sua esposa e de um de seus filhos, antes mesmo dele nascer. 

O argumento usado por uma fonte xiita  de que esses nomes não teriam sido dados em homenagem aos companheiros do Profeta (saws), mas sim que eram nomes comuns entre os árabes, não é definitivo. Permanece a questão de por que, entre tantos nomes para escolher para seus filhos, Ali (r.a) tenha optado por escolher os que ajudariam a manter em sua memória aqueles que tinham lhe traído, ainda mais se considerarmos que nenhum xiita dá aos seus filhos os nomes de Abu Bakr, Umar e Uthman, justamente por associá-los aos califas que antecederam Ali (r.a), vistos por eles como traidores e usurpadores.

Não se tem como provar qual era a intenção de Ali (r.a) ao escolher tais nomes, mas assim como pode-se argumentar que ele não os teria escolhido para homenagear Abu Bakr (r.a), Umar (r.a) e Uthman (r.a), também não se tem como negar essa possibilidade. Tudo depende da interpretação e do uso que se queira dar a esse fato.

Supor que Ali (r.a) obrigaria sua filha a se casar com o assassino de sua própria mãe, em nome da unidade da Ummah, também requer boa vontade. 

O casamento de Umar (r.a) com Umm Khulthum (r.a) é motivo de conflito entre as  fontes xiitas. Segundo uma fonte sunita o casamento de Umm Khulthum com Umar (r.a) foi unanimemente aceito como fato histórico pelos maiores biógrafos e historiadores, e nunca foi contestada durante os quatro primeiros séculos depois da Hégira nem mesmo pelos xiitas. Ainda segundo essa fonte sunita, foi apenas durante o quinto século que o sheikh al-Mufid (falecido em 413 da Hégira) apresentou uma contestação a esse fato. (13)

  Essa divergência entre os xiitas pode ser notada na pesquisa em suas próprias fontes. No longo artigo "Nikah of Lady Umme Kulthum" disponível no site xiita "Answering Ansar"  é negado o casamento. Na Enciclopédia Xiita encontra-se a mesma informação. 

Na seção de perguntas e respostas da Alim Network, hospedado no mesmo endereço da Enciclopédia Xiita, foi apresentada uma pergunta da qual eu estou traduzindo apenas uma parte para o português, mas para a qual é dado link no final do artigo para a pergunta/resposta na íntegra, em inglês.

A seguinte pergunta foi postada:

“...se Ali era contra Umar ele não teria permitido que sua filha se casasse com o filho de Umar ou dar a uma de suas crianças o nome de Umar...?”

A resposta foi:

“...se alguém quiser usar este tipo de evento contra a idéia básica ele deve saber primeiro de tudo que foi o próprio Umar quem se casou com a filha de Ali e Fátima, Ume Kulsum...” (1
4)


Algumas especulações e evasivas para justificar esse ato do califa Ali (r.a) e ao mesmo tempo sustentar a visão xiitas dos fatos são dadas, como por exemplo o argumento de que o califa Ali (r.a) teria concordado com o casamento como um gesto político.

O autor da resposta termina dizendo que quaisquer que tenham sido elas, o califa Ali (r.a) deve ter tido "boas razões" para concordar com o casamento, e sobre o fato do califa Ali (r.a) ter dado a um de seus filhos o nome de Umar (r.a) não foi feito nenhum comentário.

 

Outra pergunta sobre o mesmo assunto foi feita da seguinte forma: 

 

"Eu li na Shia Encyclopedia que Umar não se casou com Umm Kulthum. Agora aqui é dada uma resposta diferente. Agora eu estou confuso sobre o que é certo e errado. Alguém poderia elaborar sobre o assunto?"

 

 A resposta, editada, encontra-se abaixo:

 

"...Com referência à discrepância entre a minha resposta e Shia Encyclopedia...

 eu gostaria que você soubesse que... eu me baseei no trabalho do dr. Sayyed 

Ja'far Shahidi. 

O Dr. Sayyed Ja'far Shahidi é em minha opinião o mais distinguido 

dos historiadores xiitas contemporâneos e eu desconheço a existência 

de outro historiador xiita mais confiável que ele, mas ao mesmo tempo 

todos nós podemos cometer erros.

...se eu tiver que escolher entre o trabalho do Dr. Sahidi e a Shia 

Encyclopedia eu acredito que é mais seguro 

escolher o primeiro no caso de discrepância." (15)




Considerações Finais:

 

 Esse artigo não pretende ser um "ponto final" nas divergências entre sunitas e xiitas, mas eu espero que os dados apresentados aqui ajudem os recém-convertidos a analisar as informações que lhes são passadas em relação ao evento de Ghadir Khumm, e que sirvam de base para aqueles que desejarem se aprofundar nessa pesquisa. 

Eventualmente o artigo poderá sofrer atualizações, caso novas informações sejam disponibilizadas on-line ou cheguem ao meu conhecimento.

Tudo que estiver correto nesse trabalho vem de Allah, mas os erros que eventualmente existirem são apenas meus.

 

Texto de Maria Moreira, webmistress do Islamic Chat.


NOTAS:

 

(1) Artigo "O Profeta (sal) apontou um sucessor?"

(2) "Os Significados dos Versículos do Alcorão Sagrado" do prof. Samir Hayek. Publicado pela Marsam Editora, São Paulo, 1994, pp.122.

(3) Artigo "O Profeta (sal) apontou um sucessor?"

(4) Artigo "Sunni Sources"

(5) Artigo "As origens do Islamismo"  da prof. Mônica Muniz.

(6) Qur'an 4: 11.

(7) Artigo "Fadak Area Between Abu Bakr & Fatimah" de Muhammad Al-Khider

(8) Artigo "Fadak Area Between Abu Bakr & Fatimah" de Muhammad Al-Khider

(9) Artigo "Ashura - Uma História não Contada"

(10) The Salaam Biographical Dictionary

(11) Livro "Companions to The Prophet - The Four Rightly Guided Caliphs" do Prof. Fazl Ahmad.

(12) Livro "Hadrat Ali r.a.", do Prof. Madud-ul-Hasan, publicado por Islamic Publications Limited, Lahore, Pakistan, 1988. 

(13) Artigo "The Marriage of Umm Kulthum"

(14) Ver pergunta e resposta na íntegra em inglês no endereço: http://al-islam.org/organizations/AalimNetwork/msg00166.html

(15) Ver pergunta e resposta na íntegra em inglês no endereço: http://al-islam.org/organizations/AalimNetwork/msg00168.html

 

FONTES DE PESQUISA:

Sites Sunitas:

"The Biography of the Final Messenger"

"Al Ansar - Sunni-Shia Dialogue"

"Salaam Page"

"Ibn Khaldoun - O Site da História Islâmica"

"Answering Shiism"

 

Sites Xiitas:

"Shia Encyclopedia" 

"Answering Ansar"

"Shia Net"

"The Event of Ghadir Khumm in the Qur'an, Hadith and History"

"Alim Network"

Livros:

"Companions to The Prophet - The Four Rightly Guided Caliphs "

"Hadrat Ali r.a."

"Os Significados dos Versículos do Alcorão Sagrado" - Samir Hayek. Publicado pela Marsam Editora, São Paulo, 1994.

"The Meaning of The Glorious Qur'an" - Muhammad M. Pickthall. Publicado por Omar Brothers Publications, Singapore.

"The Holy Qur'an" - Translation and Commentary - Abdullah Yusuf Ali. Publicado por Al Rajhi Company.

"Interpretation of the Meanings of the Noble Qur'an in the English Language" - Muhammad al-Hilali and Muhammad M. Khan. Publicado por Maktaba Dar-Us-Salam, Arábia Saudita, 1993.

Outros:

HistóriaNet

Como informação adicional sobre a posição sunita em relação à escolha dos governantes, e em especial à escolha dos primeiros califas, veja também no site o artigo Entendendo as Diretivas Políticas Islâmicas

IMPORTANTE: As opiniões contidas nos sites sunitas usados como fonte de pesquisa que fazem fortes ataques aos xiitas nem sempre refletem a opinião da autora do artigo . Esses sites foram utilizados na pesquisa em função dos dados históricos neles contidos, dados esses que passaram por verificação através de um trabalho extensivo de cruzamento de informações e por essa razão foram aceitos, e não pelo simples fato de estarem em um site sunita.

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