LIÇÃO 2: SER PAIS

 


 


“De que o homem não obtém senão o fruto do seu proceder? De que o seu proceder será examinado? Depois, ser-lhe-á retribuído, com a mais equitativa recompensa?" 

(al-Qur’an 53:39-41)

 
Ser Pais

Ser pais é uma luta criativa para acomodar um recém-chegado em um mundo onde tudo precisa ser compartilhado na família. É uma jornada por uma nova experiência que leva a mais maturidade e responsabilidade dos pais. A jornada é um trânsito de uma mão só, cheio de curvas, altos e baixos.

 Mas é o senso da consciência que faz a tarefa de ser pais um empreendimento ativo e desafiador. A paternidade/maternidade positiva exige um determinado esforço. Ser pais é uma jornada histórica que traz desafio e recompensa para a vida da pessoa. No início de uma jornada todo pai deve saber duas coisas essenciais. Qual é o seu destino e como ele vai alcançá-lo? Confusão ou falta de planejamento neste processo acabarão em conseqüências trágicas. A tarefa de ser pais poderia ser o compromisso mais prazeroso e que mais vale a pena na vida. Mas preparação é fundamental para este prazer. ‘Se você falhou em se preparar, prepare-se para falhar’.

Um professor que quer ter sucesso no proporcionamento do curso em um ambiente disciplinado e seguro, gasta tempo para preparar um plano de lições. Da mesma forma, um plano a longo prazo de um pai é absolutamente vital para o desenvolvimento da vida física, intelectual, moral e espiritual de uma criança. Todos nós fazemos algum planejamento em nossa vida inconscientemente, mas tendemos a ignorar isso no nosso investimento futuro, criando nossos filhos. Aqueles que se planejam para uma paternidade/maternidade eficiente são recompensados no final.

A importância de se educar/alimentar crianças, isto é, ser pais de modo positivo, não pode ser acentuada em exagero. As plantas no viveiro e as crianças no ‘viveiro’ da casa e da escola têm semelhanças notáveis. O auge de uma planta é uma árvore saudável com flores e frutos. Os cuidados dos pais aqui não significam simplesmente fornecer às crianças boa comida, vestimenta e abrigo. Eles incluem educação apropriada e o ensino de bom comportamento e atitude para com os seres humanos e outras criações. Aqueles que criam estragos na sociedade e se tornam uma ameaça para a humanidade são geralmente conhecidos por ter uma criação desfavorável.

Ser Pais – Perspectiva Islâmica

 

O Islã quer que todos os seres humanos cresçam como emissários de Allah na Terra. Neste aspecto, ser pais no Islã é uma responsabilidade divina. A obrigação parental está no centro da vida muçulmana. Para uma continuidade segura e sã do legado civilizacional islâmico todo pai tem que transferir o espírito e a mensagem do Islã para a sua prole. Se um pai em particular não pode dominar esta grande e exigente tarefa por alguma razão, a comunidade tem que criar uma rede tal que ninguém na Ummah passe por ela e junte-se a população infeliz dos ‘muçulmanos’ desnorteados e desvirtuados. Ele também fala da enorme obrigação dos guardiões de uma família.

De fato, todos em uma família muçulmana são conjuntamente responsáveis de acordo com seu papel na casa. O espírito do Islã dita a vida muçulmana de uma forma que os muçulmanos estão preparados até para morrer por outros, ao invés de viver egoisticamente para si mesmo. Aqui encontra-se a razão histórica original do sucesso relâmpago do Islã em ganhar o coração das pessoas em seu auge. Natureza egoísta e o conceito de ‘individualismo’ têm muito pouco a fazer em uma sociedade cuidadosa e compassiva. Estes são abandonos de qualidades humanas básicas e fazem uma sociedade avarenta e perigosamente competitiva. Elas são características de sociedades materialistas onde seres humanos rivalizam com outros para continuar e triunfar (al-Qur’an 3:14) Isto dá origem a lei da ‘sobrevivência do mais forte’ que faz alguns super ricos e poderosos às custas da maioria.

Em constraste, o Islã defende a responsabilidade social, sem é claro por em perigo a criatividade e inovação pessoais. É um ato de equilíbrio, como andar na corda bamba. Perder o equilíbrio devido a insensibilidade e indiferença o leva para um fosso sem fundo. Somente uma consciência plena do que Allah pediu do homem pode salvá-lo deste destino, isto é, uma vida infernal neste mundo e fogo eterno no próximo. Todos estes são grandes testes da vida real. Amor excessivo pelas crianças não deveria iludir os pais em suas responsabilidades divinamente ordenadas. Amor desproporcionado ou apatia para com as crianças é a receita para a desgraça. Aqueles que são abençoados com crianças deveriam sempre avaliar se suas crianças as libertariam ou as jogariam no fogo do inferno. (al-Qur’an 66:6)

Não há espaço para a vaidade na responsabilidade parental. Também não há espaço para acordo com os princípios básicos do Islã. É claro, a maioria dos pais fazem pequenos acordos numa vida real de viver em Jahiliyah. Mas eles devem ser abertos e honestos com suas crianças. Se os pais falham em aterem-se a soluções islâmicas ideais por alguma razão, eles devem abertamente admiti-lo e explicar para as crianças para que elas entendam o contexto. No entanto, eles devem continuar tentando melhorar seu destino.

 Os muçulmanos no passado desempenharam aquele importante papel no mundo mesmo onde eles eram insignificantes em número, a pequeníssima minoria. Eles foram os pioneiros em passar o espírito e a mensagem do Islã para suas próprias crianças por um lado e para as crianças de Adão, do outro. Como uma mãe amorosa, o Islã lida com o coração das pessoas com sensibilidade. Uma vez que isto é conquistado a sociedade produz sua transformação natural.


Sendo Pais em um Ambiente Não-Muçulmano

 

Muitos milhões de muçulmanos hoje vivem no Ocidente no meio de uma cultura, muitas vezes alheia aos valores islâmicos. Por séculos a visão do mundo das duas civilizações, Islâmica e ocidental, teve dificuldades em ajustar uma à outra. Com o declínio da influência religiosa no Ocidente e a estagnação intelectual no mundo islâmico, a lacuna se ampliou. Muitos muçulmanos vindos de posições desvantajosas e estabelecendo-se em ricas cidades ocidentais, descobrem-se como ‘peixes fora d’água’. Muçulmanos revertidos têm suas desvantagens específicas e acham suas vidas não menos difíceis em suas próprias terras.

Um imigrante muçulmano profissional altamente educado falou-me uma vez com a voz cheia de ressentimento e resignação sobre seus dois filhos universitários. Seu ressentimento vinha de um longo período de observação do ‘comportamento anti-social’ de seus próprios filhos e dos filhos de seus amigos. O que está errado com esses jovens? O pai mencionou que eles nunca vieram e falaram com os amigos da família, a maioria do seu país de origem, por eles mesmos. Sempre que havia convidados da família suas residências se tornavam seus pequenos quartos. Ele mencionou que ele se adaptou a apatia e indiferença de seus filhos para com suas próprias ‘raízes’.

No final da discussão, ele soou um tanto filosófico, “nós somos um povo deslocado e nossas raízes não estão aqui nem lá. Nossos filhos são como plantas desarraigadas lutando para sobreviver em um vaso.” Não tenho certeza se sua observação é correta. Mesmo que seja, as plantas não sobrevivem no ambiente hostil, se cuidados apropriados são tomados?

No que diz respeito aos seres humanos, eles não são somente capazes de adaptação mas também são capazes de influenciar acontecimentos em dificuldades extremas, se eles realmente querem. Naturalmente, nem todo mundo ou toda nação pode sobreviver e se sustentar em ambientes hostis. O que importa é a aptidão e a força intelectual. Aqui encontra-se a enorme responsabilidade dos pais muçulmanos na sociedade ocidental. Eles têm as tarefas ou missões nas quais eles precisam se engajar. De outra forma, eles enfrentarão duras conseqüências no futuro. Por um lado, eles têm que se adaptar rapidamente ao novo ambiente do Ocidente sem comprometer os princípios islâmicos básicos, e por outro, eles têm que se encarregar do pesado fardo de criar seus filhos no modelo profético.

O objetivo do Islã é criar um mundo onde o homem está livre das garras da Jalihiyah. Isso inclui a libertação da mente antes de mais nada. O Islã desafia a mente e o intelecto do homem a estar limpo com objetividade para que assim possa pensar livremente. Ao contrário da percepção comum hoje, o Islã estimula o exercício intelectual em qualquer área de conhecimento, da estética a zoologia. O caráter dogmático do Islã incentiva os muçulmanos a assumir papéis ativos no empreendimento intelectual e social. Ele incita os muçulmanos a participar, interagir, se comprometer e influenciar no bem comum da sociedade. Ele tem um objetivo final de guiar a humanidade para a submissão completa a Allah.


Lição 2: Ser Pais. Questões:

 

1. O que é vital e fundamental na tarefa de ser pais? O que significa cuidado parental?

2. Quais são os efeitos do egoísmo e individualismo na sociedade?

3. Discuta a importância da paternidade/maternidade com uma perspectiva islâmica em poucas linhas.

4. Quais são as consequências e o que pode ser feito se um pai em particular não pode dominar a tarefa de passar o espírito e a mensagem do Islã para sua prole?

5. Quais fatores são importantes para sobreviver e se manter em um ambiente hostil?

6. Qual é o requisito decisivo para pais muçulmanos na sociedade ocidental estarem aptos a criar seus filhos no modelo profético?

7. Por que o Islã estimula o exercício intelectual em qualquer área de conhecimento?



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