Racismo, Puro e Simples
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Graças a Deus não sou um árabe.
Ofendido, chocado? Suas sensibilidades politicamente corretas foram atingidas? Triste. Porque você não deve se surpreender de modo algum. O fato
é que na América do Norte e na maioria do mundo ocidental os povos árabes não
são tratados de forma justa e parecem ser o exemplo final de onde o racismo é
permissível e até respeitável.
Os
palestinos têm armas mas geralmente jogam pedras. Os israelenses respondem com
munição afiada. Repetidamente.
Você vê, três de meus avós eram judeus e minha avó materna era uma convertida (ao Judaísmo). Judia bastante para os nazistas mas não o bastante para alguns judeus. Eu não culpo este homem tanto quanto a cultura que lhe deu forma. Os árabes são meninos maus, os árabes são terroristas, os árabes são covardes e estúpidos, os árabes são ambiciosos e primitivos, os árabes são luxuriosos e cruéis, os árabes não são como nós. Não como nós. Filmes, shows de TV, livros, jornais - raramente um povo tem sido assim objetificado e insultado. A maioria dos homens e mulheres morrem como indivíduos, com famílias, rostos e sentimentos. Árabes, nós devemos acreditar, morrem apenas como quadrilhas, com o sofrimento terrível de seus amados ironizado pelas pessoas confortáveis que prestam atenção aos lamentos em suas televisões, imediatamente antes de mudar o canal para o último episódio de ‘Friends’ ou ‘The West Wing’. Nós lemos a cobertura diária de Israel e Palestina feita por colunistas alegadamente inteligentes e objetivos, nos jornais alegadamente sérios no Canadá e nos Estados Unidos. Pessoas que frequentemente exigem justiça, compreensão e direitos humanos. É como se de repente estivessem falando de uma guerra contra alienígenas de três cabeças de um planeta distante. Cada ação de um árabe é resultado de ódio e ignorância, cada gesto de um israelense é uma considerada reação à maldade sem sentido.
Eu às vezes penso o que eu estaria fazendo agora se tivesse crescido no West Bank ou na Faixa de Gaza, e quanta influência eu teria na mídia. Eu acho que sei a resposta. Eu penso também se a frustração não se transformará em ódio e o ódio em desastre. Eu oro para que não.
Visite também neste site o artigo 'Anatomia do Racismo' de Hannan Ashrawi.
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