* “Estupro Conjugal” dentro do casamento Islâmico?!
Nome:
Bethany - Estados Unidos
Tópico: Ética e Valores
Título: “Estupro Conjugal” dentro do casamento Islâmico?!
Pergunta:
Prezado e respeitado erudito,
Eu tenho algumas perguntas sobre um tópico muito delicado. Eu tenho explorado o
papel da mulher no Islam como uma não-muçulmana.
Um dos papéis mais importantes da mulher é ser esposa e se comportar
adequadamente e cumprir certos deveres. Um dos deveres que eu venho observando
constantemente é o de satisfazer as necessidades sexuais do marido.
Eu encontrei diversas referências em ensaios, livros e no Qur’an que dizem
respeito a este princípio. Por exemplo, na Surah 2, versículo 223:
*{Vossas mulheres são vossas sementeiras. Desfrutai, pois, da vossa sementeira,
como vos apraz…}*
Eu interpreto isto como a mulher sendo “propriedade” do marido e ele pode se
utilizar dela quando quiser.
Eu acho isso um tanto perturbante, porque se a mulher não está se sentindo bem
ou não está “disposta”, ela ainda assim tem que se submeter ao seu marido?
Ou, é esperado que o marido respeite a posição de sua mulher e contenha seu
desejo?
Infelizmente isso me lembra bastante o estupro conjugal, o qual eu estudei na
aula de sociologia. Mesmo sendo uma questão muito polêmica para qualquer
religião, eu me pergunto, o estupro conjugal não é considerado um delito no
Islam?
Eu agradeceria muito sua perspectiva e conhecimentos eruditos sobre esse
assunto.
Data: 2003/1/25
Nome do consultor: AAI Editorial Staff
Resposta:
Salaam Bethany,
Obrigado pela sua interessante pergunta.
Primeiramente, o versículo Corânico que você mencionou tem uma interpretação
completamente diferente da que você que pensou. Ele não tem nenhum sentido de
exploração sexual.
De fato, ele foi revelado na ocasião em que alguns dos companheiros do Profeta
(saaws) perguntaram a ele sobre como aproximar-se sexualmente de suas esposas.
Isto foi porque seus vizinhos judeus costumavam dizer a eles que a relação
sexual deveria ocorrer somente em uma posição específica.
O versículo foi então revelado para informar aos crentes que eles são livres
para aproximarem-se de suas mulheres em qualquer posição que eles queiram. Então
o Profeta (saaws) acrescentou à sua interpretação que o homem é livre para
ter relação sexual com sua esposa, em qualquer posição, contanto que seja
vaginal, pois sexo anal é proibido no Islam.
Está claro que tal permissão tinha como intuito adicionar mais prazer para
ambos o marido e a esposa. Isto evitando-se a monotonia de tal relacionamento.
Quanto a “estupro conjugal”, o Islam ensina a ambos maridos e esposas o
entendimento de ter que minimizar as vezes em que estão pouco dispostos a
responder ao pedido sexual do(a) companheiro(a). A não ser que existam razões
realmente sérias a respeito de, por exemplo, dificuldades mentais ou de saúde,
eles não devem recusar tal pedido.
Isto não é porque um dos dois é uma “propriedade” do outro ou porque o
Islam aprova o que é chamado de “estupro conjugal”. Ao contrário, isto é
porque o Islam proíbe o adultério e a infidelidade conjugal.
Isso, na verdade, é proibido para ambas as partes. Portanto, o Islam recomenda
a ambos que estejam sempre receptivos a satisfazer os pedidos e necessidades
sexuais do outro. Ambas as partes também são obrigadas a certificarem-se que a
relação terminou com satisfação completa para o(a) companheiro(a).
Parece que você leu sobre essa parte, a qual dá ênfase à regra de
submeter-se ao esposo como “obrigatória” para as mulheres. Esta é na
verdade a questão preferida propagada pelas feministas anti-religião!
Bem, parece que você não leu sobre o ensinamento Islâmico que fez também
obrigatório aos maridos oferecer sexo às suas esposas. Isto é por causa do
fato de que a mulher pode ficar tímida ou envergonhada para ela mesma pedi-lo,
a cada quatro dias. De acordo com o Imam Ghazali e outros eruditos, deve ser
assim mesmo que o marido não sinta vontade de fazê-lo…
Além disso, um governante não deve mandar soldados em um exército – mesmo
que haja uma guerra – por mais de quatro meses, só por essa razão! Também,
Ibn Magah relatou que o Profeta (saaws) ordenou aos maridos que não iniciassem
uma relação sexual, a não ser que começassem ‘flertando, conversando e
beijando a esposa’ até que ela se sentisse ‘disposta’ e capaz de
compartilhar o prazer destes momentos.
Você precisa saber, querida Bethany, que o Profeta (saaws) advertiu os maridos
contra o que ele chamou de “cair sobre as mulheres como animais.”
Ele também chamou a atenção dos homens para o fato de que as mulheres tendem
a alcançar o orgasmo, um pouco depois que os maridos o fazem. Portanto, o
marido deve esperar até que ela esteja satisfeita por completo. Nós
acreditamos que esta receita de relações sexuais no Islam é o mais distante
possível de estupro!
Simultaneamente, o Islam aconselha as mulheres que – não importa o quanto ela
esteja ocupada – ela deve deixar o que for que a esteja ocupando, se o seu
marido chama por ela. Aqui, se a mulher recusa submeter-se ao desejo de seu
marido, sem nenhuma razão séria, ela ficará exposta ao descontentamento de
Deus. Portanto, o Islam orienta ambas as partes e não apenas os homens a
respeitar esta regra.
Na verdade, a sabedoria por trás de tal esclarecimento na descrição das relações
sexuais entre os esposos e o meio ideal de se atingir satisfação completa –
tanto em quantidade como em qualidade – tem o propósito de fechar, para
qualquer pessoa, a porta para encontrar uma desculpa para cometer o grande
pecado do adultério. É um pecado, o qual não é aceito no Islam sob nenhuma
circunstância.
Eu realmente estimo o seu interesse pelo Islam. Contudo, eu aconselho a você
ler das suas fontes originais. Elas agora estão disponíveis através da
Internet e de muitos outros meios. Isto é preferível a descobrir o Islam através
de fontes que, deliberadamente, distorcem sua linda e compreensiva mensagem.
A mensagem do Islam, querida Bethany, toca todos os aspectos das vidas das
pessoas, até sua vida sexual! Alguns simplesmente interpretam mal essa mensagem
concentrando-se em “escolher” versículos Corânicos específicos ou tomando
partes de suas regras, que servem às suas interpretações, e deixando as
outras partes.
Obrigado e espero ouvir de você de novo.
Fatwa
retirada do site islâmico Islam Online que permitiu o uso de suas respostas no
Islamic Chat e traduzida pela irmã Noora.