Na Bíblia é dito que o nome de Deus é Javé. O que os muçulmanos tem a dizer sobre isto?

 

R - Existem pelo menos duas fontes reconhecidas por estudiosos cristãos para o Velho Testamento: a Javista e a Eloísta. Segundo estes estudiosos, estas duas fontes se misturaram na elaboração da versão final do AT. Os nomes Javé e Elohim (plural de majestade de Eloah) são usados intercambiavelmente como sinônimos e a semelhança entre a forma hebraica do nome de Deus, Eloah, e a forma árabe, Allah, é evidente.

Já no NT os nomes usados são El (Mateus 27:46) e Eloah (Marcos 15:34).

  No glossário da Bíblia Católica das Ed. Loyola, pode-se ler sob o título ‘Deus’:

‘– Ver Javé. Vários são os nomes: El, Eloah, Elohim, Elyon, todos nomes próprios.’

(Bíblia Católica das Edições Loyola, SP, 1989, pág. 1243)

 Javé é o significado do tetragrama YHWH, formado apenas por consoantes. Diante da impossibilidade de se pronunciar tal tetragrama, teólogos inseriram vogais neste tetragrama, na tentativa de reproduzir ou se aproximar o máximo possível do nome de Deus.

Houve ainda o problema da latinização, que alterou o som de I da letra Y, para J. Então, ao invés de termos Iavé, ficamos com Javé, ainda mais distante do som do tetragrama.

Um outro problema adicional é que a tradução mais difundida do tetragrama,  ‘Eu Sou o Aquele que Sou’, demonstra que o tetragrama não se trata de um nome e sim de uma frase, que contém uma espécie de auto-definição. Sendo assim, Deus estaria informando um de Seus Atributos, o da Sua pré-existência a tudo e a todos, e não o seu nome pessoal.

No Islam Allah é o nome pessoal de Deus, mas Ele tem outros 99 Nomes, ou Atributos, ou Qualidades, espalhados no Alcorão. Um deles, Al-Hayy, traduzido como ‘O Vivente’, é frequentemente associado no AT com Elohim (Elohim hayyim, o Deus Vivente), e se encaixa muito bem na definição existente no tetragrama.

 

Fontes: Enciclopédia Britannica (http://www.britannica.com) no verbete  ‘Elohim’, e o livro: ‘Yahweh, Jehovah or Allah – which is God’s real name?’ de Shabir Ally publicado pela Islamic Information Foundation em 1996, no Canadá.

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