Nome:
Diane - Estados Unidos
Tópico: Cultura e Sociedade
Título: Obediência dentro de Casamentos com Amor
Pergunta:
Ultimamente, eu ganhei interesse sincero no Islam. Eu sei que algo é
“verdadeiro” sobre ele... mas...
Eu temo falhar em estabelecer uma boa e afetuosa família se eu der mais um
passo… Muitas coisas parecem ser contraditórias…
Por que eu tenho que espancar meu filho quando ele tiver 7 anos? Eu não
acredito em bater em primeiro lugar… o que dizer de fazê-lo a uma criança de
7 anos?! Como uma mãe pode fazer isto… ou mesmo um pai??
Por que eu tenho que “OBEDECER” meu marido, enquanto ele não me obedece? E
como pode a relação conjugal, que deveria ser baseada no amor, ser dependente
de “obediência”?! E se eu não estiver convencida do que ele quer que eu faça?
Como ele pode ter o direito – de novo – de me bater??!!
Como alguém pode me amar, mas me dar ordens e mesmo me bater quando ele
quiser?!
É verdade que os anjos vão me amaldiçoar se eu me recusar a fazer amor com
ele? E se eu não estiver me sentindo bem? E quanto a ele? E se ele se recusar a
fazer amor comigo… eu não tenho os mesmos direitos??
É verdade que minhas orações não serão aceitas se eu falhar em satisfazer
os desejos do meu marido? E se os desejos dele são desagradáveis?
Por que há tanto espalhafato sobre os direitos do marido? E quanto aos direitos
da esposa?!
Data: 2002/12/28
Nome do consultor: Ælfwine Mischler
Resposta:
As-salaam `alaikum Prezada Diane,
Eu gostaria de saber o que você andou lendo sobre o Islam, porque parece-me que
você tem algumas idéias distorcidas e eu estou preocupado quanto a fonte. Eu
espero que elas não sejam de livros escritos por muçulmanos!
Primeiramente, eu não conheço nenhuma fonte no Islam que diga que você “tem
que espancar a criança quando ela tiver 7 anos”. O único hadith que eu conheço
é um que diz para começar a ensinar a criança a rezar aos 7 anos, e se ele(a)
não rezar aos 10, para bater nele(a). A palavra árabe daraba é melhor
traduzida como “bater” do que “espancar” (bater forte e repetidamente,
normalmente com algo).
Os juristas muçulmanos dos primórdios nos disseram que tal ato de bater
deveria ser tão de leve de modo a não deixar marca. Além disso, nós devemos
seguir o exemplo do Profeta Muhammad (saaws), que foi relatado que ele sempre
corrigiu as crianças com palavras gentis e nunca bateu em uma criança.
Allah nos ordena a viver em paz e harmonia com nossos esposos . Na surah 30,
versículo 21, Ele diz:
*{Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma
espécie, para encontrardes repouso nelas; e colocou amor e piedade entre vós.
Por certo que nisto há sinais para os sensatos.}*
Também, Ele diz na surah 2, versículo 187:
*{Está-vos permitido, nas noites do jejum, acercar-vos de vossas mulheres,
porque elas são vossas vestimentas e vós o sois delas…}*
Comentadores do Alcorão entendem que isto significa que os maridos e esposas são
para suporte mútuo, conforto mútuo, e proteção mútua.
Você pergunta sobre obediência ao marido e seu “direito” de bater em você.
A resposta é que ele não tem o direito de bater em você! De fato, o único
versículo do Alcorão que menciona isso – surah 4, versículo 34 – tem que
ser lido na sua totalidade e entendido em árabe.
O Islam proíbe o homem de bater em mulheres, exceto em um caso muito limitado
quando a esposa é rebelde e desobediente – não quando ela desobedece um ou
outro pedido – e somente em última instância. O marido deve primeiro
repreendê-la, então abandonar sua cama se ela continuar a ser rebelde, e
somente se esses passos falharem “talvez” bater, não espancá-la. Os
comentadores dos primórdios entenderam que o bater na esposa deveria ser leve o
suficiente para não deixar uma marca e deveria ser feito com nada maior do que
um miswak (escova de dente).
Nós também sabemos dos hadiths e sirah (biografia) do Profeta (saaws) que ele
sempre recomendava aos homens a não abusarem ou baterem em suas esposas. De
fato, ele é conhecido por nunca ter batido em suas esposas, criados, um animal,
ou “uma coisa”. E, ele é o modelo que nós devemos imitar.
Quanto à obediência, tenha em mente, antes de tudo, que você não pode olhar
para um ponto do Islam sem olhar para outros pontos relacionados. O Islam é
todo um sistema.
Enquanto homens e mulheres têm direitos equivalentes, estes direitos nem sempre
são idênticos. No casamento, a mulher tem o direito de ser sustentada e
mantida financeiramente. O marido não tem direito a nada do dinheiro dela. Em
contrapartida, a esposa deve obedecer ao marido em coisas a respeito do
casamento – incluindo se ela pode trabalhar fora de casa e quem pode visitar a
casa – mas ele não pode interferir na maneira em que ela investe ou gasta seu
próprio dinheiro, contanto que seja de uma maneira halal (islamicamente
legal).
Mas, ao mesmo tempo em que ela deve obedecer ao marido, nós somos todos
ensinados a conduzir nossos assuntos por consultas mútuas, como o Alcorão
declara na surah 42, versículo 38:
*{E que atendem ao seu Senhor, praticam a oração, resolvem os seus assuntos em
consulta e fazem caridade daquilo com que os agraciamos.}*
Então o marido deve consultar sua esposa em decisões maiores e considerar sua
opinião, mas a decisão final é dele, porque finalmente deve haver um tomador
de decisões e chefe para essa instituição vital – a família.
Existe um hadith que diz que as orações de três pessoas não serão aceitas
(ou elevadas ao Paraíso), uma das quais é a mulher cujo marido está zangado
com ela, até que ele esteja satisfeito. Mas, se nós estamos em um casamento
com amor – que é o que todos nós devemos nos esforçar por ter – uma
mulher raramente faria algo para irritar seu marido, e ele raramente conservaria
sua ira. Contudo, se ele realmente é injusto com ela, outro hadith diz que as
orações de três pessoas serão sempre ouvidas, uma das quais é a pessoa que
foi tratada injustamente.
Então, você não pode tomar apenas um ponto sem examinar os outros. Maridos e
esposas devem consultar um ao outro e tentar entrar em acordo quando eles
discordam. Se uma mulher tem que ceder ao marido algumas vezes, porque a decisão
final é dele, ela deve fazê-lo voluntariamente por Allah e para manter a paz
na família. Também deve ser notado que se a decisão vier a ser ruim, a
responsabilidade é dele!
Essa situação não significa que a esposa seja fraca se ela ceder. Ela tem um
tipo de força diferente, uma força “de tensão” para curvar ao invés de
quebrar. E, se ela o faz por amor a Allah, Ele com certeza vai tornar as coisas
mais fáceis para ela.
Quanto aos direitos sexuais do homem e da mulher, antes de tudo lembre-se de que
uma das principais razões do casamento é dar uma saída halal (legal)
para as nossas necessidades sexuais naturais. Se um homem ou mulher se negar
repetidamente a satisfazer as necessidades sexuais do esposo(a), isso induziria
o esposo(a) a buscar satisfação fora do casamento.
Há um hadith relatado por Bukhari, que diz que se um homem chama sua esposa
para a cama e ela recusa, os anjos a amaldiçoarão até de manhã. Contudo, os
comentadores dos primórdios entenderam que isso seria somente se ele ficar
desgostoso com ela por recusar. Se ela tem uma razão legítima de estar cansada
ou sentido-se mal, ele deve ser tolerante. Além disso, o Profeta (saaws)
aconselhava seus seguidores a aproximarem-se de suas esposas com palavras
gentis, carícias, etc. para que então elas aceitassem suas investidas
amorosas, e também que não as deixassem até que elas (as esposas) estivessem
satisfeitas. Para mais sobre isso, leia também:
O Islam
Permite “Estupro Conjugal”?
Eu espero ter respondido suas perguntas satisfatoriamente. Casamentos amorosos e
famílias afetuosas certamente são possíveis no Islam! Na verdade, elas são o
objetivo... Isso porque a família é a unidade básica da sociedade e famílias
fortes levam a uma sociedade forte.
Lembre-se de olhar para o Islam como um todo e não concentrar-se em apenas um
versículo ou hadith sem ver outros relativos ao assunto. Além disso, não
julgue o Islam pelo que você vê os muçulmanos fazerem, mas pelo que o Alcorão
e a sunnah diz que eles devem fazer. Que Allah guie a você e todos nós a toda
a verdade!
Resposta
retirada do site islâmico Islam Online que permite a sua utilização no
Islamic Chat, e traduzida pela irmã Noora.