O "Hajj" e Suas Origens

 

 

    Muçulmanos em peregrinação à Meca

 

 

O "hajj" ou peregrinação à Meca é o quinto e último pilar da religião islâmica.

Muçulmanos de todas as partes do mundo se reúnem e repetem a frase: 

"Labbaik Allahuma Labbaik"  

(Aqui estou a seu serviço Senhor!). É um momento de auto-disciplina e controle onde até a vida de plantas e pássaros se torna inviolável.

A peregrinação proporciona a todos os muçulmanos, independente de suas filiações a grupos, classes, organizações e governos, se encontrar em um grande congresso anual.

Este pilar é obrigatório para todo muçulmano ou muçulmana desde que ele/ela seja física e financeiramente capaz. Os pré-requisitos para o "hajj" são: ser muçulmano(a),  livre, adulto ou maduro o suficiente, ser são mentalmente e ter capacidade de custear a viagem e deixar o suficiente para a manutenção de seus dependentes, até o seu retorno para casa.

 

As Origens do "Hajj":

 

Os muçulmanos crêem que as origens do "hajj" remontam ao profeta Abraão, que construiu a Caaba no mesmo local onde Adão teria  construído, anteriormente, um local de adoração a Deus.

Com freqüência historiadores e teólogos de outras religiões atribuem ao "hajj" origens pagãs. Esta afirmação se baseia na observação das práticas religiosas existentes na Arábia pré-islâmica, no período imediatamente anterior à revelação do Alcorão, onde peregrinações à Meca eram realizadas e a Caaba abrigava inúmeras imagens de ídolos. 

Embora o profeta Muhamad (SAWS) tenha destruído todas as imagens existentes na Caaba e proclamado à adoração a Allah, o Deus Único, tal atitude é vista apenas como uma mera substituição de vários deuses pagãos por um único, igualmente de origem pagã.

A posição islâmica com relação à crença de que Allah era um deus pagão, já foi abordada no artigo "Deus ou Allah? O Conceito de Deus no Islã".  A abordagem aqui se concentrará então, somente nas origens do ritual do "hajj". Para isto se lançará mão da única fonte histórica e religiosa disponível para estudo de épocas anteriores ao Islã: a Bíblia.

Nos Salmos de Davi 84: 4 a 6 da Bíblia na versão do Rei James se lê:

"Abençoados são aqueles que habitam Tua casa: eles O louvarão. Abençoado é o homem cuja força está em Ti; em cujo coração está seu caminho. Que passando através do vale de Baca encontra um poço, e as chuvas também enchem os poços".

No mesmo Salmo de Davi 84:4 a 6 da tradução de João Ferreira de Almeida Edição Corrigida Fiel se lê:  

'Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá.).  Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.  Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.'

No mesmo Salmo de Davi 84: 4 a 6, agora na tradução da New International Version, se lê: 

"Abençoados são aqueles que habitam Tua casa; eles estão sempre em louvor a Ti. Abençoados são aqueles cuja força está em Ti, que colocaram seus corações na peregrinação. Enquanto passam pelo Vale de Baca, fazem dele um local de fontes, as chuvas de outono também o cobrem com poços."

Passagens semelhantes podem ser encontradas nas traduções da Revised Standard Version, New Revised Standard Version e New American Standard Bible, todas usadas geralmente pelos Protestantes.

Na versão da Bíblia Católica dos Salmos de Davi, esta passagem é encontrada nos versículos de 5 a 7, traduzidos da seguinte forma:

"Felizes os que habitam Tua casa, pois sem cessar Te louvam! Felizes os que acorrem, peregrinos, e em Ti recobram forças! Ao transportarem o vale pedregoso, lhes é dada uma fonte. E as chuvas outonais logo os envolvem, acréscimo de bênçãos."

Apesar da discrepância das traduções, é possível constatar semelhanças. Além disso, por se tratarem todas, de traduções bíblicas, pode-se considerá-las complementares e não, excludentes. Sendo assim pode-se deduzir que os peregrinos que transpõe o vale pedregoso mencionados na versão católica da Bíblia, estão em peregrinação no vale de Baca, citado na tradução do Rei James, na  tradução de João Ferreira de Almeida, na New International Version e nas outras traduções mencionadas. Citaremos agora o versículo do Alcorão que menciona a peregrinação:

"A primeira Casa (Sagrada) erigida para o gênero humano é a de Baca, onde reside bênção, servindo de orientação à humanidade."

(Alcorão surata 3:96)

Interessante notar que Baca é o outro nome de Meca, dependendo do dialeto falado pelas tribos árabes da época. Quem já teve a oportunidade de ir até lá pode constatar o aspecto árido e pedregoso de seu solo. Associado a isto pode-se acrescentar o comentário explicativo existente na Bíblia católica, com relação ao versículo bíblico citado:

"Ao término de uma peregrinação prescrita na Lei, talvez pela festa das colheitas, ..., e porque contemplam afinal a Casa de Deus."

Existe um reconhecimento de que tal peregrinação era "prescrita na Lei", no caso aqui a Lei Mosaica, embora o comentador não saiba a que atribuir a motivação para a peregrinação. O comentador acrescenta também que em tal localidade e ritual se contempla a "Casa de Deus".

A existência de práticas pagãs em Meca no período anterior à revelação corânica se deve, segundo o entendimento islâmico, a um desvirtuamento do ritual ao longo do tempo, degenerando-o em pura idolatria, embora mantendo parte de seu aspecto original, que foi então totalmente restaurado pelo profeta Muhamad (SAWS).

Não se tem aqui a intenção de "estabelecer provas" mas apenas de apresentar uma outra proposta histórica e religiosa para as origens do "hajj". Proposta que poderia ser apresentada por qualquer historiador ou teólogo, que se dedicasse a um estudo isento das origens deste ritual.

 

Elaborado por Maria Moreira, webmistress do Islamic Chat. 

Visite também os artigos "Deus ou Allah? O Conceito de Deus no Islam"  ,  "A Palavra de Allah na Bíblia Árabe"  e "História da Caaba".

 

Ver Bibliografia

 

 

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