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Um
palestino é terrorista quando ataca civis israelenses em ambos os lados
da Linha Verde - em Israel e nos territórios ocupados - e quando ataca
soldados israelenses nos portões de uma cidade palestina. Um palestino
é terrorista quando uma unidade de exército invade a sua vizinhança
com tanques e ele atira num soldado que sai de um tanque durante um
momento, e ele é terrorista quando é abatido pelo fogo de helicóptero
enquanto segura um rifle. Os palestinos são terroristas se matam civis
ou soldados.
O soldado israelense é um combatente quando atira um míssil de um
helicóptero ou uma bala de um tanque num grupo de pessoas que se reúne
em Khan Yunis, depois que o combatente ou um de seus colegas dispara uma
bala ou um míssil numa casa - de onde o exército diz que um foguete
Qassam foi disparado - e mata um homem e uma mulher. É combatente
quando encontra dois palestinos armados na moita. O soldado israelense
mata pessoas armadas e mata civis. Mata comandantes mais velhos de
batalhões de terroristas assassinos, mata crianças com idade de
freqüentar o jardim de infância
e mata idosos em seus lares. Mais exatamente, são mortos por fogo da
FDI (Força de Defesa Israelense). Mais exatamente, são mortos, clamam
fontes palestinas.
As autoridades de segurança e as autoridades legais caçam cada
terrorista palestino. Centenas são detidos e interrogados para obter
informação sobre uma única pessoa. Isto é guerra, mas os palestinos
não são detidos como prisioneiros de guerra que têm imunidade de
interrogatório e julgamento. Seus nomes são conhecidos, cada detalhe
da investigação e as listas de acusações contra eles são abertas e
podem ser publicadas. Se e quando uma fraca investigação realmente
identifica um soldado israelense que se desviou (quer dizer matou ou usou
sua arma impropriamente, ou pilhou, ou abusou de pessoas nos postos de
checagem), sua identidade é ocultada. Em centenas de outros casos, o exército
diz "não estamos familiarizados com a reclamação." Em
milhares de outros casos, ninguém perde seu tempo em perguntar a FDI.
Milhares de palestinos estão presos em centros de detenção. Israel é
um estado legal, mas aplica-lhes um castigo mais severo que a negação
da liberdade pessoal: nega-lhes visitas familiares antes de seu
julgamento. Dezenas de outros terroristas foram condenados e
sentenciados à morte sem jamais terem sido trazidos a julgamento. Eles
e os civis próximos a eles. Isso é legítima defesa por um estado legítimo
atacado por uma entidade terrorista. Centenas de israelenses são
envolvidos nestas execuções extra-judiciais e são glorificados. Nos
últimos dois anos, os palestinos mataram dúzias de colaboradores
suspeitos sem julgamento ou depois de cortes canguru. Isso é
assassinato desprezível por animais, vivendo numa entidade que não
respeita a lei e os direitos humanos.
Espera-se que os palestinos obedeçam ordens militares do Estado de
Israel, como se fossem as leis de um estado palestino. Mas o estado que
impõe essas ordens e cujo exército controla os territórios, a terra e
os recursos hídricos, não é responsável pelo bem-estar dos
palestinos que vivem nesses territórios. Não precisa se comportar como
um Estado normal, uma vez que os palestinos não são cidadãos com o
direito de voto. Não precisa se comportar como uma força de
ocupação, uma vez que o acordo de Oslo libertou-o daquele título (aos
olhos do mundo) quando transferiu mais de 90 por cento da população
palestina para o controle administrativo da Autoridade Palestina. A AP
tornou-se responsável pelos seus cidadãos mesmo quando lhe foi negado
qualquer autoridade sobre a maioria do território no West Bank, e é
incapaz de escavar um cano de água sem permissão da Administração
Civil. A AP é ainda responsável pelo bem-estar e segurança dos
palestinos, mesmo depois que suas instituições foram bombardeadas e
destruídas, e tanques e helicópteros controlam a área inteira.
Os terroristas põem em perigo a população civil por se esconder entre
eles, e então a FDI não pode ser responsabilizada quando civis são
mortos em seus lares. Os combatentes e suas armas pessoais e tanques são
só convidados nos assentamentos e postos de saída, e atiram nos civis
palestinos a quem os terroristas exploram.
Os palestinos são sedentos de sangue e tem apenas a vingança como sua
ambição. Isso é provado por todas as demonstrações e pesquisas de
opinião pública que mostram que os palestinos apóiam os ataques. Os
israelenses, cujas pesquisas de opinião pública mostraram apoiar o
assassinato de Salah Shehadeh depois que ele matou 14 civis, nunca são
sedentos de sangue e nem querem vingança.
O palestino perturba a ordem pública quando transgride um toque de
recolher imposto pelos combatentes nos tanques e jipes blindados. Tal
palestino é punível: gás lacrimogêneo no melhor caso, tiro em outro.
O combatente israelense e o seu exército protegem a ordem pública e a
segurança quando previnem centenas de milhares de crianças de ir à
escola, professores de ir trabalhar, pacientes de ir ao hospital,
fazendeiros de ir às suas plantações e avós de verem seus netos.
Texto:
"Always a Fighter, Always a Terrorist" de Amira Hass, retirado
do site ZNet,
que permitiu a utilização de seus artigos. Foi veiculado em outubro de
2002.
Amira
Hass é uma israelense judia vivendo e trabalhando nos territórios ocupados. É
jornalista cujo trabalho é apresentado no jornal israelense Ha’aretz,
autora do livro “Drinking the Sea at Gaza: Days and Nights in a Land
under Siege" (2000) ("Bebendo o Mar em Gaza: Dias e Noites em
uma Terra sob Cerco”).
Leia
também nesse site os artigos
"Israel:
o Estado Demográfico Judeu?" e
"Carta
a um Piloto" . Ambos de Uri Avnery.
Outros
artigos sobre a questão palestina:
Racismo,
Puro e Simples
Anatomia
do Racismo
O
Custo de Israel para o Povo Americano
Deixem
os Americanos Conhecerem o Lado Palestino da História
O
Apartheid Está Vivo e Bem
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